NAQUELE DIA SEU NOME SERÁ UM

E como está escrito: “No futuro, o Sagrado, abençoado seja Ele, retornará com a Shechina para Sua posição, tal como tudo se encontrará em união, assim como escrito: ‘Naquele dia Hashem será Um e Seu Nome Um’ [Zechariah 14:9]. E se agora você questiona: ‘Mas Ele não é Um?’ Não, pois os perversos causam desuniões: a Shechina se distancia do Rei, e Eles não se encontram então unidos. A Ima supernal se encontra distante do Rei e não o nutre, pois o Rei sem a Rainha não é coroado com as coroas de Ima, como ele costumava ser no princípio, quando Ele ela unido com Ela com várias coroas, inúmeras luzes, com as coroas supernais… Quando Ele se une com a Rainha, a Ima supernal apropriadamente coroa Ele, e quando não ela toma as coroas de volta, impede as fontes dos rios e Ele não é parte de uma conexão e assim não é encontrado como Um, por assim dizer” (Zohar 77b, Acharêi Mot). O assunto aqui é profundo, tratando de uma dinâmica fundamental do tikkún olám/retificação do mundo. Veja, a união do Sagrado, abençoado seja Ele e a Shechina é expresso misticamente pelos partsufim (“conjunto sefirótico”) de Z’eir Anpin e Nukva. Quando eles estão unidos “face a face”, o fluxo integral de bênção recai sobre a criação. Esta união depende essencialmente das mitsvot, da vida santificada e reta dos judeus. Quando os judeus vivem suas vidas focadas na Torá, isto tem um efeito celestial de trazer brachot para Israel e também para o mundo, que depende disso. Agora, quando é dito que Z’eir Anpin e Nukva estão “de costas” um para o outro, implica-se a posição menos favorável desta dinâmica, e deste modo, o fluxo da beneficência Divina é severamente limitado. Ou seja, a atenção e energias não estão focadas um no outro, por assim dizer. Esta desunião causada pela rejeição da vida reta e digna tem grandes consequências na realidade. Além das várias dificuldades que provêm da ausência das bênçãos, ergue-se também a oportunidade primária para os poderes do mal de roubarem esta força vital que de outro modo deveria vir como benevolência para os “súditos do Rei”. Não viver uma vida santa implica em dar forças para as klipot e a ramificação disso é a pobreza material no mundo físico. As luzes superiores/bênçãos “descem” até Malchut através de Z’eir Anpin (em particular de Yesód de Z.A.). Malchut ou Nukva (ou seja, o aspecto feminino, pois Malchut é um recipiente, tal como um útero que precisa das “sementes” de Z.A. para poder procriar e florescer). Malchut é a nossa realidade conhecida. Se existem impedimentos que causam desunião entre as luzes sefiróticas e o recipiente final de Malchut, a força do fluxo Divino é prejudicado como dito e Malchut fica “carente” (pobre). O estado de união, do Nome YKVK é o de face a face, e representa o ideal que existiu no Gan Éden até antes do pecado. O mesmo ocorreu no Sinai até o chet/pecado e com o Beit HaMikdash também. Mas, com a destruição deles e a queda espiritual subsequente, a desunião dos partsufim se “instalou”, e deste modo a nossa realidade de hoje é uma de severidades, a saber, a expressão do julgamento, ou seja, do Nome Elokim. De modo psicológico e igualmente pertinente, quando dizemos que Z’eir Anpin e Nukva estão de costas um para outro, implica-se que as emoções (Z’eir Anpin) estão em algum grau divorciadas ou desconectadas de seus meios de expressão (Malchut é aonde tudo na realidade se expressa). Esta desconexão marcante é facilmente observada nas pessoas que não aceitam tikkún, tendo como característica as dificuldades de expressão de seus sentimentos e incoerências das suas ações. Sem a inspiração engendrada por um estado de união entre as emoções/psique e as ações retificadas, o caos impera, permitidos deste modo que as klipot se “agarrem” e roubem a força vital já prejudicada pelos erros de pensamento, emoções e ações, “amargando-a”. Isto se reflete na vida das pessoas com seus tsa’arot/problemas, na falta de completude da realidade. Mas, algo profundamente significativo desta reconexão fundamental ocorre no grande presente de Hashem para o Bnei Israel: o Shabat. Isto é assim, pois mesmo minimamente, o judeu que cumpre Shabat vivencia um estado mais elevado de realidade – unido e retificado, emocionalmente eletrizado, e deste modo ele experimenta um “gosto” da Era Messiânica: quando ‘Hashem será Um e Seu Nome Um’. Existem muitas outras considerações. Em particular, o assunto de Ima que o Zohar traz significa que acima das emoções (Z’eir Anpin) existe o fluxo da mentalidade Divina (Ima é o partsuf de Binah). Com a desunião, a própria mentalidade das pessoas fica corrompida, confusa e repleta de severidades, pois o intelecto não é alimentado pela força santa de Binah. De fato, as klipot afetam fortemente o fluxo de entendimento que provém da mente, pois deste modo têm influências sobre os julgamentos das pessoas. E quanto mais severos estes juízo são, mas existem as machloket/brigas entre as pessoas etc., impedindo a kedusha/santidade e assim as brachot de chegarem até elas. Isso afeta a sua fé e confiança em YKVK, causando todo um ciclo de queda espiritual. É vital usar todas as forças possíveis para empurrar para fora as klipot e fazer mituk hadinim (“adoçamento dos julgamentos”). E o ponto central do ataque das klipot é a auto ilusão. Saiba isso bem.

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NÃO SEJA UMA MERA SOMBRA

E está escrito, זאת תהיה תורת המצרע Zot tihye torat ha-metsorá… “Esta é a lei do leproso etc.” (Vayicra 14:2, Metsorá). Veja, chochmah é o flash de insight que penetra através do véu do inconsciente na mente consciente. É uma experiência efêmera, uma vez pela sua própria natureza, o insight é estranho à estrutura mental na qual ele é introduzido. Sendo uma entidade estranha, se ela não é de alguma maneira integrada na mente, ela simplesmente desaparece e é esquecida. Portanto, a tarefa de binah é integrar este novo insight nas estruturas mentais e padrões de pensamentos que o indivíduo já possui. Este é um processo de tradução e avaliação: traduzindo o insight em termos familiares e avaliando as estruturas mentais existentes e ideias em termos do novo insight. Este novo insight confirma ou contradiz o que eu já conheço e acredito, e se existe a confirmação, qual sua extensão? E assim por diante. Binah, portanto, distingue (em Hebraico, bêin) entre a realidade como refletida no insight e como concebida antes do insight, e reconstrói (em Hebraico, bonêh) a mentalidade da pessoa no despertar do insight. Mesmo assim, tudo isso é atividade mental abstrata. É a função do terceiro componente do intelecto, da’at, trazer relevância e significado para esta nova figura da realidade no dia-a-dia da pessoa. Agora que eu entendo a realidade de uma maneira nova e mais elevada, o que este entendimento diz a respeito da maneira que eu tenho vivido a minha vida e como de fato eu deveria vive-la doravante? Agora começamos a ver a diferença essencial entre o bem e o mal, ou mais precisamente, santidade e o mundano. A força motriz do intelecto santo/elevado é sempre de buscar a relevância do insight, compreensão e conhecimento. O intelecto do mal/mundano não possui esta força motriz. Ele é completamente contente de focar na experiência do insight – no “Uáu” ou “deslumbramento momentâneo” sem se “poluir” com as preocupações morais ou a relevância. Para este tipo de intelecto, a vida é apenas uma sucessão de experiências estéreis, excitantes por e em si mesmas, mas que não produzem nenhum fruto durador ou mudanças na vida do indivíduo ou sociedade. Uma pessoa assim, a grande maioria do mundo, é manchada pela “lepra espiritual”, que assim literalmente o conduz a viver apenas à sombra de seu real potencial. E uma dica disso, temos que a guemátria atbash do termo המצרע ha-metsorá, “o leproso” é 115, com mais as suas 5 letras, temos o total de 120 que é a guemátria absoluta de צל tsêil, “sombra”.

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O HOMO SECULARIS

E sobre a parashá Tazria-Metsora, está escrito, “Enquanto a alma santa é ligada ao homem, ele é amado do seu Mestre. Ele é guardado por todos os lados, ele é marcado para o bem acima e em baixo, e a santa Presença Divina repousa sobre ele. Mas, se ele perverte seus caminhos a Presença Divina o abandona, a neshama/alma superior não se liga a ele, e do lado da serpente do mal um espírito se ergue, o qual somente reside em um local aonde a santidade dos céus partiu. E assim o homem se profana e sua carne, sua aparência facial e todo o seu ser, distorcido” (Zohar 46b, Tazria).

A essência da sítra áchra/lado do mal pode ser compreendida pela filosofia neo-pagã que sublinha a “religião” atroz e preconceituosa que mais se alastra no mundo: o Secularismo Fundamentalista. Hoje em dia no mundo Ocidental, sua influência nefária permeia e predomina em quase todas as esferas e meios sociais, jurídicos e culturais. Ela se embasa na casca filosófica de uma “ética fluida” que diviniza a democracia e afirma o voto majoritário acima de qualquer custo moral (mas que sempre pode ser mudado na próxima eleição). Sua ética rejeita o biblicamente moral, portanto ataca frontalmente todas as pessoas retas do mundo – de todas as religiões. Com o mesmo zelo de uma jihad Islâmica, a agenda secular fundamentalista faz uso das “forças da democracia”, como as cortes do país, para atacar qualquer assunto religioso (literalmente, moral) de domínio público. Seu pensamento é baseado no princípio de que toda e qualquer oportunidade de derrubar cercas morais bíblicas “antiquadas” – inclusive as antes impensáveis – deve ser explorada. O homo secularis é sempre incrédulo e tem uma visão desequilibrada, ansiosa e perigosa sobre a realidade. Isto é devido à sua superficialidade, pragmatismo e cinismo sobre tudo. Seu foco estrito é nos prazeres da carne. Portanto, esta máscara da sítra áchra é marcada pela permissividade e toda a hipocrisia que a circunda. O homem secular é essencialmente permissivo. Ele afirma que nada deveria interferir no seu desejo de aproveitar a vida: nenhuma norma, ordem ou responsabilidade moral (salvo as que ele, por algum gosto pessoal considere como “razoável”, até que em tempo ele mude de ideia). Ele não aceita restrições. Se ele pensa que certo caminho é a sua maneira de aproveitar a vida, então ele tem este direito, pois se trata da sua liberdade. Ele tem o direito de gratificar todas as suas necessidades carnais e não precisa se render à lei alguma, muito menos às de Hashem e Sua Torá. Para este tipo pessoa, amoral e repleta de preconceitos contra o espiritual/moral, nada a profana ou contamina. De fato, ela deve fazer apenas uma única coisa na vida: satisfazer seus desejos. Esta filosofa pagã é o pilar fundamental deste secularismo fundamentalista que hoje atinge seu pico, pregando o humanismo liberal sem limites. O Talmud (Sanhedrin 63b) explica que o povo judeu sabia que a idolatria era tola e sem sentido, mas eles serviram aos ídolos (ref. pecado do “bezerro de ouro”) meramente para se “sentirem livres” de cometerem relações imorais em público. O mesmo espírito de rebeldia contra Hashem é novamente usado para justificar o amplo espectro imoral dos membros desta perigosa religião da “nova ordem do mundo”, da “anti-religião” do secularismo que hoje mais do que nunca, guerreia agressivamente contra todas as religiões bíblicas do mundo.

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SEJA UM BOM FILHO

Na parashá Shemini, a Torá traz a lista de animais kashér e também os não kashér os quais as almas judias (e somente e unicamente elas) precisam observar com cuidado para não se contaminar. De fato, tão importante é a comida kashér para um judeu, que através dela a alma é beneficiada o que preserva o fluxo de entendimento espiritual no séchel/intelecto. E como explica o Zohar, “A pessoa que busca o da’at eliyón/entendimento superior precisa preservar a sua boca das comidas que profanam sua alma, assim como dito que ela deve manter a sua língua longe das palavras maldosas [que também mancham a alma, assim como as comidas impuras” (41a, Shemini). A ideia central é que a boca afeta o séchel. A comida não kashér bloqueia o coração, tornando‑o insensível à espiritualidade. Esta comida não permitida para um judeu, causa um bloqueio da sua própria força vital. Para uma alma judia, é muito grave comer qualquer coisa que não seja kashér. Este bloqueio no seu coração cria um véu que encobre a sua percepção sobre as verdades da Torá. Ela fica restrita à compreensão racional-mundana/rebaixada. Deste modo, o seu entendimento sobre D‑us se torna corrompido, mantendo-se então imaturo, e em última instância frio. Verdadeiramente, a pessoa que consome alimentos trêif (hebraico para “não kashér”) não consegue de forma alguma se tornar sensível aos assuntos Divinos. E isto resulta em um “ciclo espiritual” negativo: ela não consegue se tornar sensível aos assuntos de Torá, e assim, ela consome cada vez mais o que é proibido, o que faz com que ela fique mais distante ainda da Torá que é sua a Fonte de vida. Enfim, ela duvida de tudo que é espiritual e se desliga de D‑us, assimilando-se ao mundo vão e fútil, sem D-us. Em sua consciência repleta de “paredes”, limites que são na verdade guevurót/severidades de seus julgamentos sobre as coisas da vida, ela assim acredita que todos os assuntos espirituais não tem o menor sentido. E assim como é dito, משדד-אב יבריח אם בן מביש ומחפיר Meshaded-av yavriakh em ben mevish umakhpir, “O filho que age de forma reprovável e vergonhosa maltrata seu pai e afugenta sua mãe” (Mishlei 19:26). Misticamente, “pai” (Aba) significa Chochmah/Sabedoria e “mãe” (Ima) significa Binah/Compreensão. Portanto, quanto o “filho” se comporta de modo desalinhado com as leis da Torá e mancha, ou seja, traz vergonha para sua própria alma, ele assim “maltrata”, ou seja, traz dano real para chochmah que é a sua capacidade psíquica e intuitiva, correspondendo à função do lado direito do cérebro. E ao mesmo tempo, ele “afugenta”, a saber, perde o fluxo racional/binah que corresponde ao lado esquerdo do cérebro. Portanto, toda a dinâmica básica de sua mente superior é afetada, rebaixando algo de seus aspectos fundamentais que outrossim são naturalmente destacados na alma judia, agora mantida prisioneira de sua revelação. Em suma, o filho diminui e constrita seu ser em baixo e no alto também. De fato, vemos uma dica vital sobre isso na guemátria ordinal deste verso do Mishlêi que é 245, o mesmo valor numérico da expressão אדם קדמון Adam Kadmón, “O Homem Primordial”. Em Cabalá, Adam Kadmón representa a própria essência e início primários da criação – da diferenciação entre Criador e criatura – portanto, do Tsélem Elokim/Imagem de D-us na qual o homem foi criado. É vital para o judeu romper com este ciclo negativo através da teshuvá – o retorno ao estado de alinhamento com as verdades espirituais e à vida reta e digna da Torá.

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O MAIOR DOS MILAGRES

E foi em Shivií shel Pessach (o sétimo dia da festa de Pêssach, que celebra o Kriyas Yam Suf/A Travessia do Mar), que durante a leitura da quinta aliyá/chamada na Torá eu tive uma visão sobre este maior dos milagres de Hashem. Quando amanheceu e os judeus ainda o atravessavam, o céu – em toda a margem Egípcia – permanecia escuro, noite verdadeiramente, salvo o pilar de fogo que lá ficava protegendo os filhos de Israel que ainda o atravessavam. Mas, a partir da entrada do mar que se abriu em direção a todo o horizonte, era um dia muito iluminado. Havia também um enorme arco-íris sobre os 12 caminhos do mar, uma para cada tribo de Israel. E todo o ar era preenchido por faíscas douradas e prateadas cintilantes que reluziam de modo esplendoroso. Estes eram os malachim/anjos que acompanhavam a travessia do povo santo. E um rêmez/dica sobre isso, vemos que o passúk/verso diz, אחד באחד יגשו ורוח לא-יבוא ביניהם Echad be’echad yigashu veruach lo-yavo veineihem, “Um tão perto do outro, que ar nenhum passava entre eles” ( 41:8). E a guemátria katán deste verso (semanticamente ligado à cena descrita) é 97, a mesma guemátria absoluta de מלאכו malacho, “Seu anjo”. Se vista de longe, toda esta cena milagrosa era mais do que extraordinária, pois foi como se a terra estivesse vivenciando noite e dia simultaneamente num espetáculo de luzes que brilhavam sobre o grande mar partido. Hodú L’Hashem Ki Tov Ki LeOlám Chasdó.

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JULGUE PARA ADOÇAR

E está escrito, ולהבדיל בין הקדש ובין החל ובין הטמא ובין הטהור Ulehavdil bêin hakódesh uvêin hachól uvêin hata-mê uvêin hatahór, “Para distinguir entre o santo e o profano, e entre o impuro e o puro” (Vayicra 10:10, Shemini). Este passúk/verso ensina algo da essência da Torá, a saber, que o mundo físico é um domínio de misturas entre o bem e o mal, e que a pessoa precisa inquestionavelmente aprender através da Torá a caminhar somente pelo Dérech Tóv/Caminho Bom, que é estabelecido através das leis que separam e distinguem o que é o bem e o que é o mal. Agora, misticamente, o número 320 é derivado das 288 fagulhas da luz Divina que caíram do mundo de Tohu e se tornaram “incorporadas” no tecido dos mundos inferiores, incluindo o nosso, como a consciência auto-orientada e o egocentrismo. A este número (288) é adicionado o número de vezes (32) que o Nome Elokim – o Nome que significa o julgamento Divino e a severidade – aparece na história da criação (no início do livro do Bereshit/Gênesis). Portanto, 288 + 32 = 320. Em Cabalá, os chamados “320 estados de severidade”, significam a negatividade e egocentrismo intrínsecos da criação desde a “queda” espiritual que resultou do pecado primordial no Gan Éden/Paraíso, e sobre o qual é a nossa função “neutralizar” (estas severidades) através de eliciar o amor e misericórdia Divina. De modo mais específico, o número 320 é significativo como o número de estados de julgamento (guevurót) em Binah. Como é sabido, Binah (associado ao inteleto como o atributo da compreensão racional/lado esquerdo do cérebro) precisa evidenciar a propriedade do julgamento na maneira em que metodicamente constrói a visão completa do mundo a partir do insight seminal de Chochmah (associado ao inteleto como o atributo da sabedoria intuitiva/lado direito do cérebro), tal como afeta a visão prévia do mundo, antes deste processo de julgar/discriminar. Veja, cada detalhe da visão prévia do mundo é avaliada na luz do novo insight, e assim modificada, aceita ou rejeitada, dependendo de como ela mede em relação à nova verdade que foi alcançada através do processo analítico. Esta é a síntese da expressão mais refinada do processo de julgamento, que permite intelecção da realidade racional revelada. Esta “cooperação” entre a sabedoria intuitiva e a compreensão racional é sempre liderada pelo insight do pensamento, que na essência é Chochmah (ou Aba). Portanto, através deste processo sublime, os estados de severidade são mitigados (ou “adoçados”). Ou seja, a visão retificada da realidade racional ainda que constantemente precise julgar os elementos em questão, só atinge o retificação quando equilibrada com a sabedoria elevada intuitiva. Saber como julgar a realidade através desta dinâmica é adoçar a realidade, significando o neutralizar destas “severidades” do mundo. E isto é tikún/aperfeiçoamento. Agora, incrivelmente, vemos que a guemátria ordinal do passúk citado é 320. De fato, o termo בין bêin é a raíz da palavra binah, que significa “entre”, ou seja, julgando/avaliando “entre” uma coisa e outra. Portanto, aqui a Torá nos ensina que para “adoçar” as guevurót é vital saber com conhecimento específico, como julgar para retificar a realidade, e isso ocorre quando a pessoa distingui entre o santo e o profano, e entre o impuro e o puro, assim como definido absolutamente pela Torá e não pela avaliações e opiniões egocêntricas da pessoa.

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ESTES SÃO IMPUROS PARA VÓS

O assunto dos tolaím, “vermes” e a grande mitsvá de bedicát tolaím (“procurar vermes”) para removê-los das saladas, verduras, frutos e frutas etc. sempre e sem exceções antes de comê-las, é algo muito sério. Nossos sábios da Torá ensinam que, “O judeu que desobedece e negligencia estas leis é considerado como negador da êxodo do Egito” (Torat Kohanim no Vayicra 11:45, parashá Shemini). E neste mesmo passúk/verso, o comentarista Ráshi diz: “A escola de Rabi Yishmael ensinou: E Hashem diz: ‘Se eu tivesse removido o povo Judeu do Egito somente para que eles não se profanassem através de comer criaturas rastejantes como as outras nações, isto teria sido razão suficiente para eles serem redimidos'”. O Talmud afirma: “É mais detestável pecar com este assunto do que com outros pecados” (Bava Metsía 61b). E misticamente, vemos a intensa gravidade desta transgressão: “Aquele que come destas comidas impuras [trêif/não cashér em geral] se liga a sitra achra/lado do mal e profana o seu corpo. O Espírito Impuro repousa sobre ele e ele não tem uma porção no mundo vindouro e nem sua alma provém do lado da kedusha/santidade e não se liga com Hashem. E se ela parte deste mundo neste estado [causado por esta alimentação impura], ele será pego por todos aqueles que se agarram no lado da sitra achra [ou seja, os espíritos malévolos]. Ele será julgado como um homem desprezado pelo Mestre, desprezado neste mundo e no mundo vindouro” (Zohar 41b, Shemini). E eu vi observei o seguinte, que assim como está escrito, וזה לכם הטמא בשרץ השרץ על הארץ Ve-ze lachem hatame basherets hashorets al-haarets, “E estes são os impuros para vós, entre os animais rastejantes que se movem sobre a terra” (Vayicra 11:29, Shemini). E a guemátria de Ve-ze lachem hatame é 163, a mesma de pigulim (“abomináveis”). E a guemátria do sofêi tavót de basherets hashorets al-haarets (tsadi-tsadi-lamed-tsadi) é 300, a mesma de le-rah (“para o mal”) e arál (“fechado” ou “incircunciso”), sem luz. Verdadeiramente, a razão que temos medo, horror ou nojo das criaturas rastejantes é que suas nefashót/espíritos provém do nível de Asiyah de Asiyah do Olam HaAsiyah, a saber, da própria terra ela mesma e não dos níveis celestiais. Estes são espíritos baixos da terra, significando serem de tão pouca luz espiritual, produto de um tsimtsum/contração da Luz Divina tão extraordinário e incompreensível, que na sua própria revelação e forma físicas elas se apresentam de modo abominável, repugnante, essencialmente sem luz . A sua essência e raiz espiritual existem na própria klipah física da terra, no grau mais baixo deste mundo, das maiores impurezas. Qualquer pessoa minimamente espiritualmente refinada deve sentir sensações negativas em suas presenças. Mesmo assim, são klipot vitalizadas e permitidas de existir por Hashem, sendo proibido matar ou maltratá-las salvo se a pessoa for assolada e perseguida por uma destas criaturas, como as serpentes, escorpiões etc. Prejudicar gratuitamente estas criaturas abomináveis implica em acerto de contas no Yom HaDín/Dia do Juízo Final.

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PRONTO PARA A CURA

Que as palavras deste shiur tragam Refuah Shleimah/Cura Completa para

Yitzchak Hersh ben Sarah Leah

Na oração de shacharit/manhã de 22 de Nissan de 5769 (parashat Shemini, yom chamishi), no Kriyat HaTorah/Leitura da Torá, o Reb Lipe fez um pedido na Torá para um Mi sheberách/Oração de cura para mim. Incrivelmente, imediatamente eu me senti melhor. E por que afinal não seria assim? Na época do Beit HaMikdash/Templo Sagrado, milagres ocorriam todo o tempo. A Shechina/Presença Divina estava tão próxima de nosso povo, que bastava o judeu rezar para Hashem, que um milagre poderia acontecer de imediato. E como explica o Shlach HaKadosh, “O homem foi criado b’tselem Elokim/na imagem de D-us, uma combinação do físico e do espiritual; as duas partes precisam trabalhar em conjunto… Libi uvsari leranenú el kEl chai, ‘Meu coração e todo a minha alma gritam em alegria para o D-us vivo’ [Tehilim 84:3]… O corpo da pessoa adquire vários graus de santidade de acordo com o cuidado tomado em selecionar o que ela come etc. [e neste Salmo vemos que] o corpo está alinhado com a alma” (parashat Shemini). Para um judeu que trabalha de fato para promover o alinhamento entre o seu aspecto físico e o espiritual de acordo com as halachót/leis da Torá, o seu coração se torna como o kodesh kodashim/sagrado dos sagrados, aonde a própria Shechina reside. Sendo assim, seu contato com Hashem é muito menos obstruído pela klipah/forças antagônicas à santidade, permitindo – se este estado de alinhamento é verdadeiro e no grau e nível particular da pessoa – “acesso” a algum grau superior do poder infinito e transcendental de Hashem na maneira em que este poder e luz são investidos no mundo, no Mikdash que é o seu corpo. E de fato, no kodesh kodashim, o local mais santo deste Mikdash, que é o seu coração. Veja, seu próprio coração é o portal da Shechina que tanto o vivifica como o permite ligar-se a Ela, pois a Shechina é a fagulha Divina que dá vida à alma. Portanto, diante da prece e desejo do indivíduo, e de sua real força e vigor para cumprir o avodat Hashem/serviço a D-us, como no caso de pedir refuah shleimah para alguma pessoa, imediatamente ele “toca” neste poder que então a cura, se D-us quiser. O mesmo é verdadeiro para outras bênçãos. Mas nada é tão íntimo e passivo de ser sentido de imediato do que o bem estar da luz de D-us se difundindo com maior vitalidade no corpo e alma da pessoa – uma verdadeira revelação Divina. E este dia foi especial, pois sendo o Sétimo dia da contagem do Ômer, a sefirá é Malchut sheb’Chessed, que significa o “recebimento da bondade”. Ou seja, neste dia descrito e tão propício, o “tema” é o do saber receber benevolências. E de fato, eu recebi a bondade de uma aspecto da cura, baruch Hashem/graças a D-us. Mais ainda, todas pessoas também podem e devem recebê-la, mas isso se estiverem prontas para a cura, a saber, alinhados com Hashem que é o Curador do mundo.

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