ANIMAIS FALANTES

“E o Eterno abriu a boca da jumenta, e ela disse a Bilam: O que eu te fiz para que tu me batesse já 3 vezes?” (Bamidbar 22:28, Parashá Balak).

Toda verdade Divina pode ser compreendida por qualquer aspecto, dimensão ou particularidade desta mesma verdade. Isso se dá ao fato de que, as verdades Divinas são infinitamente conectadas e unidas, sem emendas. Emêt, “verdade” em Hebraico, é o “selo” de Hashem sobre tudo. Portanto, se é algo verdadeiro no Alto, será sempre verdade, aqui em baixo também. Desde modo, se observarmos a realidade com o objetivo de entendermos a essência desta realidade, ou seja, no aspecto das verdades da Torá, seja por qual ângulo se buscar, para os olhos sábios, estas observações revelarão a verdade mesmo se ela for mascarada pelas ilusões do mundo de mentiras. Dito isso, voltemos ao verso sobre o milagre da jumenta que falou. É sintomático que este milagre da Torá seja verdadeiramente o milagre mais trivializado na cultura secular. Sim, pois não faltam personagens em diferentes mídias, de natureza estritamente animal – deste ou d’outro planeta – que falam. Animais falantes representam uma maciça infestação da cultura comum secular, que é tão espiritualmente ignorante e amplamente permissiva, aplaudindo cada vez mais tudo que puder em algum grau ou nível desbancar a “posição arcaica” dos princípios bíblicos. Animais falantes são como “janelas” desta cultura sem D-us. Em sua extraordinária trivialização, e portanto, da aceitação como absolutamente natural, sujeita-se as crianças em formação de caráter aos princípios mais levianos e amorais do planeta. Basicamente, a mensagem oferecida por estas anomalias é muito clara: tudo “pode ser”, bastando imaginar sem limites. E os animais, alguns promovem, “não são tão diferentes assim de nós. Eles (quase que) têm os mesmos direitos, certo?”. Outros ainda afirmam: “O que se diz por aí, que D-us diferençou o homem do resto da criação através da capacidade humana exclusiva de expressão verbal inteligente, é pura balela. Não existem diferentes marcantes”. Aliás, a cultura herege no seu íntimo deseja inculcar cada vez mais estes princípios nefários, pois existe uma agenda oculta. Veja, a humanidade se aproxima rapidamente de quedas morais ainda mais terríveis do que se vê atualmente, ainda que de fato sejam estas degradações humanas muito mais antigas do que se conhece ou lembre. Por exemplo, no Bereshit (Gênesis) é relatado que a geração de Nôach (Noé) transgredia todas as cercas morais imagináveis. De fato, até mesmo os animais cruzavam entre as espécies inapropriadas, uma transgressão abominável da ordem moral que eles imitavam dos humanoides da época que assim o praticavam também. Na Torá, é sabido que pessoas ofereciam seus próprios filhos e filhas a um ídolo, através delas oferecidas jogadas vivas ao ídolo de metal incandescentes. Outros, como é trazido na parashá Pinchas (da próxima semana), idolatravam através da defecação. E muito antes disso tudo, práticas impensáveis de Sodoma e Gomorra (e que agora encontram apoio dos tolos acéfalos e suas fotos hipócritas com “cores do arco-íris”), se tornaram tão aceitas, que até governos querem que sobre elas seja ensinado material sancionado pelo próprio ministério da educação. E tudo isso e mais, está certamente voltando. Mas quem se importa?

Mas, retornando aos “bichinhos” que falam e infectam a psique das crianças de modo tão inócuo, assim se pensa, pergunto: Como poderão estas crianças crescer e acreditar que o cruzamento entre espécies é marcadamente inapropriado se seus desenhos e agora, suas crenças completamente fundamentadas na heresia, pregam justamente o bordão humanista liberal de “somos todos iguais”, inclusive os animais? Como há de um adulto crescer e atuar moralmente, com retidão, em um mundo tomado pela vontade de forças ocultas que almejam somente e unicamente a desintegração ético-moral da humanidade, e por fim, a destruição completa da civilização? Como pode-se esperar que adultos não busquem burlar todos os processos e sistemas da vida que eles se engajam, seja através da corrupção, do “jeitinho”, da dissimulação, etc. quando os “patriarcas” que “iluminam” as suas mentes infantis (ainda que adultos) gritam ousadamente contra o Criador?

Uma sociedade que trivializa largamente os milagres, eventos tão singulares, mostra na verdade raiva e afronta a D-us. Mascarado com cores doces e vozes deliciosas de “animaizinhos fofos”, as forças do mal controlam as mentes destes inocentes de hoje, que amanhã serão os corruptos e psicopatas que infectam todos os meios sociais. E um mundo que trivializa milagres, é um mundo que trivializa e desdenha o valor da vida: o maior dos milagres. Portanto, vemos que a verdade se revela, seja ela vista pela tromba ou pela cauda do elefante. Mas, por favor, não o elefante verde que fala, e nem o rosa que voa…

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OS JUSTOS OCULTOS

E está escrito, וימת אהרן שם בראש ההר Vayamat Aharon sham berosh hahar, “E Arão faleceu no topo da montanha” (Bamidbar 20:28, Chukat). De fato, este grande justo perfeito agora se ocultou para sempre. Agora, é dito pelos mestres santos da Torá (Talmud Sanhedrin 97b e Sukah 45b) que em todos os tempos existem 36 pessoais especiais ocultas no mundo, e que se não fosse por todas elas, mesmo que uma delas não estivesse aqui, o mundo terminaria. As duas letras em Hebraico para 36 são a letra lámed (valor numérico 30) e vav (valor numérico 6). Portanto, estes 36 indivíduos são chamados de Lámed Vav Tsadikim – os “Trinta e Seis Justos”. Agora, certa vez o Rav Simcha Schustal, de abençoada memória, respondeu a uma questão do Rav Elazar Shach, de abençoada memória, quem disse o seguinte: “Eu não compreendo como podem existir Lámed Vav Tsadikim em nossa geração. Existe tanto trabalho a ser feito no mundo, tantos assuntos que precisam de atenção urgente. Como pode um dos Lámed Vav Tsadikim permanecer escondido? Um reto não pode ter o luxo de se ocultar em seu dálet amót [‘quatro cúbitos’, uma referência do Talmud para o tamanho de uma página de estudos sobre a leis judaicas]. Ele precisa se fazer disponível para as massas de pessoas que buscam a sabedoria da Torá e seus direcionamentos”. E o Rav Simcha então deu uma resposta ao Rav Shach: “Os justos secretos em nossa geração não se escondem do público. Eles estão por aí para serem vistos por todos, estudando, rezando e fazendo tudo que eles sempre fazem com tzidkut [com o atributo de retidão e justiça]. Eles são tsadikim nistarim/ocultos não porque eles se escondem de nós, mas sim porque nós nos escondemos deles… É raríssimo que eles sejam convidados a falar em qualquer função etc. Eles nunca buscam fama… Eles apenas trabalham valentemente no vinhedo de Hashem”. E veja, a guemátria ordinal do pasuk/verso mencionado é 199, a mesma de צדקה tsedacá, que significa correto, retidão, integridade, bondade e piedade – todos atributos de Arão o צדיק tsadik, e dos justos do mundo também.

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COMO SOBREVIVER NESTES TEMPOS?

A diferença entre o estado atual das coisas e no futuro, é que enquanto nosso conhecimento é limitado e a escuridão rege o mundo, e através de nosso conhecimento tacanho, o aspecto da fé é perdido até que eventualmente a yetser hara/má inclinação tem controle e causa o homem de transgredir o desejo do seu Mestre. Precisamos então buscar ativamente ver e verificar o revelar do espírito da providência de Hashem através de milagres e as mudanças na ordem natural. Agora, no futuro quando a terra estiver preenchida com o conhecimento divino, e Hashem, Abençoado seja Ele, jorrar o Seu espírito sobre toda a carne (ref. Yoél 3:1), não existirá mais a necessidade de milagres e mudanças na ordem regular. Pelo contrário, esta regularidade através da “providência regular” declarará a própria glória de D-us e Sua proximidade, Abençoado seja Ele, de Suas criaturas. Como está escrito: “E Me farão um Santuário e Eu morarei entre eles” (Shemot 25:8, Terumah). O grande tikkún/retificação agora é o da submissão verdadeira à Providência Divina. Isto vem através da abnegação e confiança em Hashem, algo difícil, mas vital. E como está escrito, זאת חקת התורה Zot chukat haTorah, “Este é um chók/dogma/estatuto da Torá” (Bamidbar 19:2, Chukat). E a guemátria atbash deste verso é 800, a mesma de ישעתך yeshuatech, “Sua salvação” (Tehilim 35:3). Verdadeiramente, é deste modo de obediência aos chukim/estatutos e neste tempo atual, que todo indivíduo pode receber proteção e ganhar o recebimento das bênçãos de D-us que o sustenta e aos seus queridos. E então repito como dito para que por fim seja o coração inspirado: Fé não é o que você crê, não é algo teórico e filosófico somente, mas sim as ações retas que você toma baseadas na sua confiança em Hashem e em Suas leis.

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DESCONTAMINAÇÃO

E está escrito: ““Este é o estatuto da lei que o Eterno ordenou, dizendo: Fala aos filhos de Israel para que tomem em teu nome uma vaca vermelha [parah adumah], perfeita, na qual não haja defeito e que ainda não tenha levado jugo” (Bamidbar 19:2, Chukat). Explica o Ari”zal: “A parah precisa ser vermelha, pois ela significa os cinco estados de guevurah, das cinco letra finais que somadas têm guemátria 280, mais a letra hêi para as cinco letras elas mesmas, é igual a 285” (Sefer HaLikutim e Likutêi Torá, Chukat). Agora, vermelha é a cor de guevurah, severidade. Alguém que foi contaminado através do contato com a morte (tamêi met) está em um estado extremo de consciência Divina severamente limitada Atualmente, todos nós nos encontramos neste estado caído. Veja, o confronto contundente com a realidade da morte traz consigo a semente da depressão miserável que nasce da atitude niilista (que não acredita em nada), fatalista, pagã ou absurda da vida. Portanto, o indivíduo precisa se purificar desta contaminação. As cinzas da parah adumah são usadas para purificar a pessoa da impureza da morte. “Morte” significa também a queda espiritual de um estado de consciência Divina para um mais baixo, ou a ausência de um. Portanto, o mandamento da vaca vermelha contém nele a explicação mística do mal e a purificação da contaminação do mal/morte, ou seja, a perda da consciência Divina. O Ari”zal explica a base do ritual da parah adumah como ligado à parte “posterior” dos Nomes Divinos e como o nível de malchut recebe esta força. Sendo da parte posterior significa que numericamente os Nomes Divinos sofrem regressão, deste modo extraordinário montando a equação que tem como resultado final a guemátria de parah (285). De modo conceitual, a regressão dos Nomes significa um “retração” do Shem Havayah (YKVK) no alfabeto, ou seja, a perda da consciência Divina otimista e focada para frente na vida. Quando consideramos as quatro letras do Shem Havayah e substituímos cada letra com a letra que a precede no alfabeto, isto então é chamado o soletrar “regressivo” do Nome. Assim, yud-hêi-vav-hêi se torna têt-dálet-hêi-dálet. Em resumo: a parah adumah corporifica o retrocesso da consciência normal Divina que resulta do contato com a morte. O ritual da parah adumah inverte/adoça este processo. E quando o verdadeiro Mashiach chegar, e o Terceiro Templo vier, finalmente poderemos ter nossas consciências “adoçadas”, pois será o tempo quando “Não mais precisarão sugerir, cada um a seu vizinho e cada um a seu irmão: ‘Reconhece o Eterno’, pois todos já Me conhecerão, do mais humilde ao mais destacado – diz o Eterno – pois perdoarei sua iniquidade e não mais lembrarei seu pecado” (Jeremias 31:33), amém.

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A MISSÃO MILITAR ESPIRITUAL

No início da parashá Kôrach, está escrito: ויקהלו על-משה Vayikahalu al-Moshe, “E congregaram-se contra Moisés” (Bamidbar 16:3). Veja, quando olhado com retidão e santidade, vemos que nós somos uma raça coletivamente em luta continua com os poderes da sitra achra/lado do Mal. Esta guerra iniciou no Gan Eden, e desde então lutamos contra estas forças estranhas. A Torá revela isso constantemente. É esta a razão que a vinda do Mashiach é sempre colocada em termos apocalípticos, na terminologia de guerra. Pois, o lado do Mal deseja manter tudo como está: ganhado espaço pouco a pouco etc. Entretanto, o Bem se livrará do Mal através de guerra, para assim expurgá-lo. O objetivo central da armada de Hashem é trazer luz para o mundo. Sob o nosso ponto de vista, o mundo é em geral considerado terreno conquistado pelas forças do Mal. E Israel é um “posto avançado” na luta para reconquista da terra (e os bnêi Nôach, apesar de não terem força suficiente para estar na frente de batalha, são como “tropas de suporte”). Contudo, o nosso inimigo é formidável e ousado: Vayikahalu al-Moshe, ou seja, os ímpios se agrupam para abater os justos/Moshé/Mashiach. Até a queda no Gan Eden, o Mal existia fora de nós. O Nachash (“o Serpente”) é o Mal personificado externo e claramente reconhecível. Com a queda de Adam, ele se camuflou dentro de nossos corpos e almas. A sitra achra se liga à luz e a circunda completamente, para que ela não possa brilhar salvo através dos filtros das cascas (klipot). E deste modo, as klipot recebem sustento contínuo, e nós que carregamos a luz, continuamente suprimidos. Quebrar e subjugar a “casca” é a missão militar espiritual – um desafio constante e somente para os que amam Hashem e Sua Torá com grande vigor, foco, zelo e bondade. E isto somente pode ser feito através do cumprimento das 613 mitsvót (as 7 noéticas estão incluídas nos mandamentos), que são a polaridade oposta de Vayikahalu al-Moshe/E congregaram-se contra Moisés. Ou seja, dentro da doença existe a cura, pois Moshe/Mashiach destruirá os malfeitores espirituais através da força da kedushá/santidade imbuída nos mundos pelo cumprimento dos mandamentos. E veja, Vayikahalu al-Moshe tem guemátria absoluta (mais 11 das letras desta expressão) com valor 613.

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E ALI VIMOS NEFILIM

E como está escrito: “E ali vimos Nefilim [Vesham rainu et-haNefilim], os filhos de [gigantes] Anak que vieram de Nefilim; e nos consideramos a nossos olhos como gafanhotos, e assim éramos aos seus olhos” (Bamidbar 13:33, parashá Shelach Lecha). O reshit tavót (acróstico) de ושם ראינו את הנפילים Vesham rainu et-haNefilim, “E ali vimos Nefilim” tem guemátria 212, a mesma de charêd (“tremer”). De alguma maneira, os gigantes sobreviveram o mabúl/dilúvio, pois estes citados no Bamidbar estavam em Eretz Israel/Terra Santa no tempo de Moshe Rabeinu/nosso mestre. Muitos da geração de Nôach foram (e ainda estão) para dentro da terra – nos mundos interiores. Os gigantes aprenderam dos bnei Elokim aonde se encontravam os portais para entrar na Terra Interior. Explica o Zohar que descendentes de Kayin, muitos deles gigantes (e outros, seres de tamanho diminuto), foram para o interior da terra, num local chamado de Arka: o antepenúltimo mundo mais profundo de sete do interior da terra. E veja: “Eis que hoje me expulsas de sobre a face da terra, mas da Tua presença não me poderei ocultar, e serei errante e fugitivo na terra, e acontecerá que todo aquele que me encontrar matar-me-á… E o Eterno pôs em Kayin um sinal para que quem quer que o encontrasse não o ferisse” (Bereshit 4:14-15). Kayin o perverso filho de Adam, precisou do sinal misericordioso de Hashem para protegê-lo, pois ainda que no nível humano existissem somente Adam e Chava, ele temia muito os seres da terra interior.

Continuando, outros destes monstros ainda sobrevirem, pois estavam próximos a Eretz Israel que foi o único local no mundo que não sofreu o mabúl. Isto explica também como na parashá Shelach Lecha, eles são lá avistados pelos meraglim/espiões. Veja, no início da parashá Chaiyê Sarah é dito: “E Sarah morreu em Kriyat-Arba [ou seja, Hevron] na terra de Canaan…” (Bereshit 23:2). E o grande comentarista da Torá, o Ráshi, explica que Kriyat-Arba (“Cidade dos Quatro”), assim “É chamada pelos quatro gigantes que lá estiveram: Ahiuan, Sheshai, Talmai e o pai deles [Bereshit Rabah 58:4]”. De modo mais específico, estes gigantes eram Nefilim, filhos de Anak quem Caleb e os espiões viram no Monte Hevron (Bamidbar 13:22). Posteriormente, eles foram expulsos da terra santa e abatidos (Yehoshua 15:14; Shofetim 1:10). Ou, não estavam próximos de lá, mas entraram na terra santa através de um portal/vórtice, levando-os a locais como Machpelah (aonde estão enterrados Adam e Chava e todos os patriarcas e as matriarcas, salvo Rachel) em Hevron. Afinal, isso é evidente, pois está escrito: “E no 14º ano da revolta, veio Kedorlaômer e os reis que estavam com ele, e feriram aos Refaim em Ashterot-Carnáim, aos Zuzim em Ham, aos Emim em Shave-Kiriatáim, e ao Horítas em seu monte de Sêir, até El-Parán, que está junto ao deserto” (Bereshit 14:5-6, parashá Lech Lechá). Porém, os Refaim, Zuzim, Emim e Horitas são todos diferentes grupos de gigantes, e estas batalhas intensas ocorreram na época de Avraham avinu, após o mabúl que teria supostamente extinguido a todos os seres vivos da terra. Eles não foram extinguidos. Estas batalhas sangrentas foram destemidas. Mais ainda, os gigantes se agrupavam em pequenos grupos, geralmente um macho e algumas fêmeas, o que facilitou a sua derrota em muitos casos. Os mestres ensinam que os Zuzim aqui são os Zamzumim mais tarde trazidos na Torá (Devarim 2:20). Eles eram os mais “ilustres” (Bereshit Rabah 42:6), seu nome derivado de Zivtane bahêm (“O brilho deles”, conectando Zuzim com ziv e ham com bahêm, Bereshit Rabah 42:6). Algumas fontes dizem que eles eram ferozes guerreiros (Midrash Abkir). E os Horitas eram diferentes, pois viviam em um local separado e livres do domínio de Nimrod (ibid. Midrash), indicando, eu assim entendo, uma inteligência superior. De fato, o nome Horita deriva de cherút (“liberdade”). Podemos ver que eles não foram dizimados também, pois seus descendentes são mencionados no Bereshit 36:21 (parashá Vayishlach) como sendo ligados à casa de Essav o perverso filho do patriarca Yitschak. Saibam que estes gigantes perversos também aprenderem dos bnei Elokim a arte mágica de shapeshifting (“metamorfose”), e assim tem penetrado na humanidade desde então, espalhando a agenda oculta da sitra achra/lado do mal. Eles assumem outras formas humanas ou não, enganando os homens até hoje. Quando um deles é percebido, alguém com treino mental pode intimidá-los por telepatia, afirmando mentalmente que a sua identidade secreta foi percebida. Contudo, ao receberam a mensagem telepática, eles podem reagir. Não posso revelar mais em público, mas existem muitos outros detalhes profundos.

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PORQUE É DIFÍCIL AMADURECER?

Sobre a parashá Beha’alotecha (baseado no Ari”zal, Sha’ar HaMitsvot e Ta’amei HaMitsvot), é necessário explicações importantes para elucidar as profundas dinâmicas espirituais tratadas aqui. Veja, em Cabalá, Z’eir Anpin é o partsuf/personalidade constituída pelas seis midót/o caráter (de Chéssed até Yessód). Este partsuf é “iluminado” (ativado) pela luz de Ima (que é a sefirah de Binah (ou Ima), e que representa o poder na alma da ‘compreensão’ intelectual, racional). Ou seja, as emoções são ativadas pela compreensão intelectual. Mas a luz de Ima originalmente provém do partsuf de Aba, que é Chochmah (o nível prístino e intenso de insights ainda não desenvolvidos em Binah). Se as emoções se revelam e ‘mantém’, a pureza da experiência de Aba (depois do desenvolvimento em Ima), então o processo emocional é “inoculado” contra as infecções das forças do mal que buscam corromper a dinâmica intelecto-emocional através de dirigi-lo para um caminho errado. Este “redirecionamento” significa a degeneração de todo processo mental que iniciou em kedusha/santidade, a saber, nos pensamentos de Torá. Os mochin/mentalidades se profanas/seculares, já são por si só corrompidas, portanto a sequência do processo intelecto-emocional apenas fortalece o erro, levando assim as ações que transgridem as leis naturais Divinas. Portanto, existe aqui uma diferença do indivíduo que nem teve pensamentos elevados e por isso, apenas se mantém constantemente no grau profano, e um outro indivíduo que tem pensamentos elevados e que estes se degeneram e ele, por exemplo, ao transgredir uma halachá/lei da Torá, que D-us não permita. O segundo é muito pior, no sentido de que a degeneração ocorre em um nível espiritual muito alto, enquanto que no primeiro caso, a pessoa existe em um estado já totalmente rebaixado. Isto está de acordo com o espírito de que a profanação da “vestimenta intelectual” (vis-à-vis, o pensamento pecaminoso) é pior do que a ação, pois a vestimenta da mente é mais elevada do que a vestimenta da ação. Agora, as luzes que Z’eir Anpin recebe (de Da’at, que afinal recebe de Binah) e difunde são chamadas de os cinco estados de Chéssed e Guevurah. Pela Cabalá, os estados de Chéssed constituem o aspecto principal da Etz Da’at – de onde as klipót/forças antagônicas à santidade derivam a sua vitalidade. Isto é devido ao fato de que, os cinco estados de Chéssed (e os cinco estados de Guevurah) podem ser entendidos como propensões para o aceitar ou rejeitar a conexão emocional à ideia abstrata que emergiu de Aba e depois Ima. Portanto, estes estados são a origem do mal, no sentido em que se a ideia de Torá for rejeitada, a força espiritual que rejeita esta ideia nutre então o lado negativo que se aproveita da difusão emocional (e posteriormente, nas possíveis ações erradas da pessoa) que se revelou, mas não foi usada em santidade. Por isso que alguns judeus não fazem teshuvá como deveriam. Pois como o Da’at deles está corrompido por uma vida de comportamentos que os desalinharam com a Torá, então mesmo quando eles escutam os insights de Torá que são palavras retificadas – que afinal “entraram” neles através do nível mental de Chochmah e Binah – esta corrupção do Da’at propaga uma “luz alterada” para Z’eir Anpin, e a revelação emocional derivada rejeita o insight original de Torá. Além disso, com esta rejeição, a força dos estados de Chéssed que iluminam as midót (Z’eir Anpin) acaba sendo usada então para nutrir a sitra achra/lado do mal, que D-us não permita, o que vem somente a perpetuar o estado de intenso galút/exílio que eles vivem. O Ari”zal explica que Z’eir Anpin precisa “quebrar” os estados de Chéssed a fim de processá-los e difundi-los em um contexto significativo para Nukva (Malchut), que representa o assunto das ações, dos comportamentos do homem. Ou seja, as emoções precisam encontrar “termos” compreensíveis para as ações se manifestarem. Esta manifestação na prática das ações é a própria assimilação destas emoções (que são afinal das contas, “abstrações”) por e em Nukva. Apesar da descida emocional até o nível das ações (pois o grau emocional é mais espiritualmente elevado do que as ações) parecer uma degeneração de um grau superior a um inferior, existe um ‘princípio espiritual’ vital que somente se revela/atua quando nesta descida. Como é sabido, Z’eir Anpin precisa, por lei espiritual, buscar se “unir” com Nukva (pois deste alinhamento provém as bênçãos etc.). Assim, a descida é antes de tudo parte integrante da “dinâmica espiritual” de conexão entre o superior e o inferior, entre “o céu e a terra”. O princípio é chamado de Or Hozer, a “Luz Refletida” – a descida na realidade destas luzes espirituais (que se não corrompidas) sofrem um “rebote” espiritual até o Keter de Z’eir Anpin (o ponto espiritual mais elevado do ‘desejo emocional’), causando o amadurecimento emocional e assim, o aumento na habilidade de alcançar e reconhecer as abstrações e o entendimento das verdades Divinas. Pelo outro lado, se corrompidas, o processo somente faz aumentar o desvio da pessoa em relação ao espiritual, ou seja, a sua identificação somente com a realidade física. Isto é assim, pois não há Or Hozer (ou seja, amadurecimento) e a pessoa mantém-se ligada somente ao grau material. Novamente, no caso dos alunos judeus, como eles também não assumem suficientemente a prática haláchica/relativo às leis da Torá, ao rejeitar então o cumprimento das mitsvót eles então não amadurecem espiritualmente. As mitsvót são a manifestação prática da Sabedoria de D-us que é a Torá, e sem a descida para a realidade prática e verdadeira, não existe crescimento espiritual (ou seja, o Keter de Z. A. não amadurece, literalmente). É por isso que (entre outras razões espirituais), os indivíduos que frequentam um Beit HaKnesset/Sinagoga têm uma “facilidade” maior de fazer teshuvá, pois lá eles, primeiro, estão diante de um grau maior de kedusha, e segundo, eles acabam cumprindo na prática várias mitsvót só por estarem lá presentes. E graças à ação da Or Hozer, eles tendem ao amadurecer para um estado intelecto-emocional mais propício ao entendimento da Torá, que favorece (e retifica de fato) o ciclo de entendimento para cumprir as leis. Apesar destes que frequentam a sinagoga muitas vezes continuarem a ter uma vida trêif/não cashér (o que fortemente obstaculariza a ascensão espiritual deles), ainda assim eles têm um entendimento maior do que aqueles que também têm uma vida trêif, mas apenas e unicamente estudam Torá sem cumprirem as mitsvót, devido à ausência da Or Hozer. Existem muitos outros detalhes relativos à difusão dos estados de Chéssed e Guevurah e os assunto de Tiferet de Z’eir Anpin, mas por hora, é mais importante explicar que, e última instância, através do recebimento e transmissão da inspiração que originou em Chochmah e Binah, Z. A. amadurece. Isto ocorre quando o fluxo emocional é enraizado em kedusha e assim, na expansão da consciência (ou podemos chamar de o “desenvolvimento intelectual”), pois expandir/desenvolver a mente é assunto exclusivo da retificação do séchel/intelecto pela Torá. Isto ocorre quando a luz dos estados de Chéssed (originários em Ima) chegam de volta e influenciam o Keter de Z. A. Deste modo, todo o sistema emocional (Z’eir Anpin) agora se torna alinhado às ideias de Torá. Tecnicamente, o Ari”zal explica que o “rebote” ocorre no nível de Yessód de Z. A., o ponto convergente da força de expressão emocional (logo antes da descida para Nukva). E através da realização desta expressão emocional para “fora”, por assim dizer (ou seja, para Nukva), todo o partsuf ganha em maturidade interior. Deste modo, as emoções amadurecem, literalmente. A razão é, pois a auto-realização e a propagação disso são caminhos de auto-validação. Isto significa uma verdadeira reconstrução do “Eu/Ego” na imagem do que se está projetando. É por isso que, por exemplo, quando ensinando assuntos profundos da Torá, o interlocutor aparenta ser ainda mais elevado do que em seu estado de repouso, por assim dizer. Pois o falar (Nukva) de Torá (Aba e Ima), devido à força emocional motivadora (Z’eir Anpin), “reconstrói” a pessoa/mestre na imagem do que está sendo projetado, como ser de fato um talmid/aluno do Ari”zal, ou seja, um homem de Torá. Assim, quando participamos deste processo extraordinário, temos que “encarar” a situação (o falar de Torá, ou conduzir em uma conversa, etc.), o que acaba nos amadurecendo. Por isso que o Talmud ensina que, “Eu aprendi muito dos meus colegas, mais ainda de meus mestres, mas acima de tudo de meus alunos” (Ta’anit 7a). É sempre importante ter uma agenda de Torá, o que certamente engrandece a pessoa e a ajuda a se retificar, se tornando assim reta e digna, se D-us quiser.

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