A arrogância é a raiz de todos os pecados no mundo. E como está escrito: והנחש היה ערום מכל חית השדה אשר עשה ה’ אלקים Vehanáchash haya arúm mikól chayát hassadê ashér assá Hashem Elokim, “E o serpente era astuta – mais do que qualquer animal do campo feito por YKVK” (Bereshit 3:1). Eis a raiz do mal que é o Serpente, que vive em tocaia no coração do homem – a sua má inclinação. O Serpente descende do lado esquerdo que é Guevurá/Severidade (guímel-bet-vav-rêish-hêi = 3 + 2 + 6 + 200 + 5 = 216), sendo 216 o mesmo valor numérico do reshei tavót/acróstico (והעמחהאעיא) deste passúk/verso. Saiba que ele é astuto, pois sempre busca domínio e “asenhoramento” de todas as formas sobre o seu território – a existência do homem. Uma dica disso, a sua descrição como sendo ערום arúm, “astuta” tem guemátria albam 96, a mesma de Kel Adni/D-us é meu S-nhor (Kel: alef-lamed = 1 + 30 = 31. Adni: alef-dalet-nun-yud = 1 + 4 + 50 + 10 = 65. 31 + 65 = 96), um Nome Divino associado ao Olam HaAsiyah/o mundo material e presente, o qual a má inclinação arrogantemente urge em dominar.
Agora, quando o Serpente sente a presença da vítima potencial – do coração prestes a se inflar pelo orgulho e arrogância – ele então sai de sua tocaia e se revela gritando: “Pois YKVK sabe que, no dia em que comerdes do fruto proibido, vossos olhos se abrirão e sereis como YKVK, conhecedores do bem e do mal” (Bereshit 3:5). E enquanto e por um instante a pessoa pensa sobre o que está prestes a fazer e sentir, ouvindo o encanto do serpente, ele abre progressivamente a sua grande e feroz mandíbula e na primeira oportunidade, dá o bote. O serpente engole a vítima – a sua consciência – de um só golpe. E quando a sua mente é assim envolvida, a pessoa vivencia uma profunda escuridão, seus pensamentos se entortam e predomina a distorção da auto ilusão. Ela nada percebe, salvo o que estritamente lhe interessa e pertence ao seu delírio. O veneno do serpente alimenta a sua auto ilusão no momento em que qualquer dúvida surge. A pessoa se vê rendida e ao mesmo tempo abnegada diante de seu encobrimento existencial. Enquanto isso, passeando pelo jardim, o caçador de serpentes avista à distância uma vítima engolfada pelo mal. Apesar da pessoa se mostrar feliz em seu sonho e delírio, a sua alma implora por ajuda e o caçador é ordenado pelo Alto a tentar ajudá-la se for possível. Se aproximando com cautela, o caçador prepara a sua arma, “Uma corda [que o aprisionará] está oculta sob o solo, e uma cilada sob seu caminho” (Jó 18:10). E ele sabe que quando o serpente o avistar “Terror o cercará e o paralisará. Suas forças serão consumidas pela fome e a calamidade estará sempre a seu lado” (Jó 18:11) e o serpente lutará fortemente e não abandonará a pessoa até que “Devorará os membros de seu corpo” (Jó 18:13) fazendo dele sua posse. De longe ainda, o caçador de serpente pergunta a vítima encoberta: “Que fizeste?” – e a ela respondeu: A serpente me enganou e comi” (Bereshit 3:13). E o caçador entende o significado disso: a pessoa se perdeu na sua vontade, inflou seu coração e perdeu controle de sua mente. Ela permitiu ser devorada pelo serpente que se alimenta da consciência e distorce as verdades, para que a pessoa então perca o seu caminho. Ao se perder, ela agora é como os que “Desde o nascimento se rebelaram, os ímpios que se desviaram do caminho certo, os mentirosos” (Tehilim 58:4). E sem discernir o certo do errado, portanto vagando nas suas percepções sobre o que a separa de YKVK, “Seu veneno se assemelha ao de uma serpente, ou a uma víbora surda que fecha o ouvido para não ser detida pela voz de encantadores ou dos que sussurram palavras agradáveis” (Tehilim 58:5). Ela mesma resiste ao caçador. A luta dele agora é contra o serpente e a consciência da pessoa que se aquece no falso calor desta fera que o domina, enraizada em seu coração, alimentando sua distância à retidão e santidade. A fera a segura com vigor, mas o caçador compreende sua natureza. Ele usa sua corda rapidamente lançando-a sobre a cabeça do serpente, prendendo-o com força. Ele ruge como uma besta indomável. Mostra as suas presas perigosas: “Com escárnio e zombaria me insultaram. Rangeram seus dentes contra mim” (Tehilim 35:16). E “O perverso trama contra o justo e range seus dentes para ele” (Tehilim 37:12). O caçador pede ajuda a YKVK: “Ó Eterno, quebra seus dentes e esmaga suas presas, que são como as de leões” (Tehilim 58:7). E se enchendo por um espírito de indignação contra o mal, afirma: “O ímpio, porém, ao ver o que acontece se sentirá revoltado; inutilmente rangerá seus dentes e terá frustrada sua ambição” (Tehilim 112:10). Uma grande luta terrível entre o caçador abençoado e a consciência escrava da pessoa, que se condói por si mesma em cada movimento dele para liberá-la da fera que a domina. Ele segura firme na cabeça do serpente – a fonte do seu mal – e abre sua boca para que de suas presas saia o veneno que será usado mais tarde como antídoto. A consciência reluta: dói em orgulho e reclama muito, pois agora iludida, prefere escuridão à luz. Mas, “Ai dos que chamam o bem de mal e o mal de bem, que confundem luz com escuridão e escuridão com luz, o amargo com o que é doce e o doce com o amargo” (Isaías 5:20). E o caçador não desiste jamais e consegue sim muitas vezes subjugar esta escuridão e tolice, assim como é prometido: “E a escuridão ficará sob seus pés” (Tehilim 18:10). E por fim em um ato heroico, ele “Quebra a mandíbula do injusto e arranca a presa de seus dentes” (Jó 29:17). A consciência da pessoa retorna. Machucada, ela entende agora o ocorrido. Grata, ela sabe que o serpente voltou para a sua tocaia no coração, mas com o antídoto do caçador existe uma chance ao menos de que em tempo, com humildade verdadeira e aprendizado, toda vez que o inimigo surgir, “Quando estiverdes em guerra em vossa terra contra seu inimigo que vos oprime, então tocareis as trombetas com força e sereis recordados diante de YKVK, e sereis salvos dos vossos inimigos” (Bamidbar 10:9), amém.
Shalom!
Este Shiur é o mais «impressionante» que li em toda a minha já longa vida.B’H.
A obra do Mestre, Sr Rabino Avraham, faz me sentir: “a sua alma implora por ajuda e o caçador é ordenado pelo Alto a tentar ajudá-la se for possível”. Amém!
Obrigado pelo tanto que me dá.
Graças a D’us podemos receber os ensinamentos sabios de nosso querido Rabino Avraham Chachamovits. Muito obrigado! Em perfeita fé aceito a ouvir e praticar os ensinamentos do Rabino, amém.
“A sua alma implora por ajuda e o caçador é ordenado pelo Alto a tentar ajudá-la se for possível”. O caçador é um agente do amor e da misericórdia de D-us. Ele não apenas luta contra o Serpente, mas também com a consciência embotada daquele que suplica a ajuda dos céus. Se entendi algo minimamente, os caçadores são os mestres de Torá. Se assim compreendido, eles merecem, além de nossas orações, toda a ajuda que podemos dar, afinal sua missão é árdua e repleta de amor pelas almas que estão nas presas do malígno.
Obrigado por esta aula, mestre Avraham.
Shalom mais uma vez estou grato por este maravilhoso estudo amém!
Shalom!
Este Shiur é o mais «impressionante» que li em toda a minha já longa vida.B’H.
A obra do Mestre, Sr Rabino Avraham, faz me sentir: “a sua alma implora por ajuda e o caçador é ordenado pelo Alto a tentar ajudá-la se for possível”. Amém!
Obrigado pelo tanto que me dá.
Graças a D’us podemos receber os ensinamentos sabios de nosso querido Rabino Avraham Chachamovits. Muito obrigado! Em perfeita fé aceito a ouvir e praticar os ensinamentos do Rabino, amém.
“A sua alma implora por ajuda e o caçador é ordenado pelo Alto a tentar ajudá-la se for possível”. O caçador é um agente do amor e da misericórdia de D-us. Ele não apenas luta contra o Serpente, mas também com a consciência embotada daquele que suplica a ajuda dos céus. Se entendi algo minimamente, os caçadores são os mestres de Torá. Se assim compreendido, eles merecem, além de nossas orações, toda a ajuda que podemos dar, afinal sua missão é árdua e repleta de amor pelas almas que estão nas presas do malígno.
Obrigado por esta aula, mestre Avraham.