À espécie humana não foi dada a opção do conhecimento sobre o seu próprio nível espiritual. A despeito de acharmos que uma pessoa tem mais ou menos nível espiritual que outra, em geral, este assunto é velado para a maioria de nós. No entanto e contrário à nossa espécie, os anjos possuem sim a habilidade de ‘perceber’ o grau espiritual de qualquer ser humano. Mais ainda, os anjos e as outras entidades espirituais são sensíveis à própria ascensão ou queda de nível dos humanos – a sua alteração de iluminação. Isto traz para estes seres uma óbvia vantagem na compreensão do universo e das leis Divinas que o governam. Mas será que todas as classes de anjos e outras entidades “apreciam” o crescimento espiritual – o maior alinhamento com as leis de D-us – que os seres humanos podem alcançar? No entanto, em geral a atenção destas entidades espirituais não está sempre em nós humanos. Assim como as nossas percepções sofrem “mudança de foco”, espécies superiores ou mesmo as inferiores também têm estas alterações. No fim, vemos que o nível da percepção, do foco de atenção de toda criatura é o parâmetro fundamental que estabelece o seu envolvimento no universo.
Em uma aula com inúmeros insights sobre os anjos, o Rabino Avraham Chachamovits traz, acima de tudo, um manancial de conceitos sobre o assunto da percepção deles e de nós humanos, uns sobre os outros. A aula prossegue iluminando os caminhos para o crescimento espiritual de acordo com a Torá e o reflexo disso no aumento da percepção e consciência humana, o qual atingirá seu clímax na era Messiânica, e que isso seja assim muito em breve amém.
Caro Sr. Rabino Avraham e amigos,
Venho pedir permissão para trazer algumas linhas sobre a aula “ Angeologia Judaica 2” , conforme obra oral do Mestre Rabino Avraham em site Beit Ari”zal: https://beitarizal.org.br/2013/03/03/angeologia-judaica-2. Como de praxe, adianto pedido de escusas pelos erros de entendimento cometidos, bem como, pela pequenez de minhas palavras.
O Mestre inicia a aula trazendo explicações sobre o comportamento das pessoas frente às revelações que são trazidas sobre os assuntos “esotéricos, místicos, filosóficos” querendo dizer, que a maioria de todos nós tem imensa dificuldade de apreender sobre os assuntos espirituais, tendendo mantê-los em “ordem abstrata”, sendo que isso ocorre devido a “constrição da consciência” (“Mochin d’Katnút”) como explica o Mestre Avraham. O Sr. Rabino ainda explica que, em virtude disso, se faz necessário um processo gradual, que permita a pessoa ir apreendendo e consolidando entendimentos para ter condições de apreender um estágio subseqüente, caso contrário, acaba não percebendo os níveis e graus envolvidos, tendendo fazer um “amálgama”, “nivelando tudo de uma maneira igual”, o que não lhe ajuda em seu crescimento.
Refletindo nas palavras do Mestre Rabino Avraham, sobre manter as coisa em nível abstrato, e trazendo isso para o âmbito pessoal, percebo em mim mesmo esses aspectos, pois muitas vezes, mesmo que pareça apreender as palavras do Mestre em suas aulas, ainda que em nível rudimentar, elas acabam como que “engavetadas” em algum lugar fora de mim, querendo dizer, acabam estando disponíveis para uma “consulta rápida”, intelectualmente, mas não traduzem as mudanças na psique, a expansão da consciência e nos comportamentos que são esperadas, pois não estão internalizadas realmente como deveriam estar, ao menos assim entendo. Isso fez lembrar das palavras do Mestre Avraham: “ se a pessoa não está recebendo nada, não está crescendo, é problema dela, pois a Torá Se garante!”, obviamente guardadas as proporções entre os níveis e graus de entendimentos de cada um, bem como, grupo espiritual ao qual pertença. Neste sentido, só cabe agradecer ao Mestre Rabino Avraham, pela paciência e bondade em seguir guiando/orientando a todos, mesmo quando insistimos em tornar essa tarefa mais árdua, pela falta de fé e confiança em D-us e Suas Leis, falo isso em relação a mim mesmo.
O Mestre segue explicando que embora sofra interferência divina, influências de entidades espirituais, a responsabilidade pelo seu comportamento é, em última instância, do próprio homem, sendo que o homem colhe frutos desses comportamentos. Mais ainda, o Mestre frisa que, independente das situações que ocorram, das dificuldades e reveses que possa sofrer, nada serve como justificativa para os comportamentos desalinhados com a Torá e as Leis de D-us. O que o homem faz é racionalizar, querendo dizer, procurar algo que justifique seu comportamento desalinhado, contudo, isso não resolve em nada, não justifica e não alivia seus erros, apenas tentativas do amor próprio da pessoa em manter-se sentindo que está bem, iludindo-se.
Ouvindo as palavras do Mestre Rabino Avraham e, voltando-me para mim mesmo, fico vendo o quanto sou leniente comigo mesmo, quantas racionalizações e tentativas de justificar condutas desalinhadas, mas talvez o que mais surpreenda, são as incontáveis meses que isso ocorrem sem que possa perceber, pois dentro da “minha lógica” tudo pode parecer óbvio, quando na verdade, não passa de ilusão. Neste sentido, creio que isso denota a importância magistral de encontrar um Mestre de verdade, pois este sim pode nos fazer perceber que estamos muito distantes da verdade, que apenas estamos sendo enganados pela nossa má-inclinação e, assim, mantidos em cárcere. Mais um vez, tenho muito que agradecer a D-us por permitir ter encontrado o Mestre Rabino Avraham, pois sem isso, mesmo essas pequenas percepções que hoje acontecem, jamais teriam sido possíveis, continuaria acreditando que tudo estaria justificado e correto, que D-us não permita.
Segue o Sr. Rabino Avraham explicando que “a humanidade vive uma realidade caída”, desde a queda de Adam, todos herdamos esse aspecto da queda, sendo que o trabalho de retificação é o aspecto que procuramos realizar, tentando restaurar a realidade anterior a queda e além, como explica o Mestre Avraham. Mais ainda, traz o Sr Rav Avraham, que ao homem não é dado conhecer seu status espiritual, “ninguém sabe o nível espiritual em que se encontra”, contudo, os “elementos espirituais mais avançados” sabem o nosso nível, fato que cria uma situação de desvantagem em relação a esses elementos, explica o Mestre. Tanto sabem quanto são sensíveis as modificações que sofremos aos longo de nosso desenvolvimento, como traz o Mestre Rabino Avraham, sendo que algumas desses criaturas vêem como positivo o nosso avanço espiritual, contudo, outras “classes” destas criaturas não ficam felizes com essa evolução espiritual, sendo que as forças antagônicas a Santidade envidam esforços para obstacularizar essa ascensão espiritual, tentando manter a pessoa presa no mesmo nível que se encontra. O Mestre explica ainda, a origem espiritual de vários desses elementos, incluindo da entidade que nos “habita”, por assim dizer, que é a má-inclinação, sendo todos representantes do “outro lado” (sítra áchra).
Ouvindo as palavras do Mestre Avraham, lembrei de quando logo no início de meus estudos de Torá e aulas do Mestre, tive grandes dificuldades, pois todas as vezes que sentava para ler ou ouvir muitas coisas aconteciam, tinha dores de cabeça, sonolência excessiva, o telefone tocava com chamados urgentes do hospital, etc…tudo e qualquer coisa servia para mudar o foco, deixar de lado e “estudar depois”, sendo que este depois nunca chegava pois as situações se repetiam. Conquanto hoje ainda ocorram muitas coisas neste sentido, tenho procurado ser zeloso com os estudos, mesmo que ainda falhe muitas vezes, tento manter o foco, que D-us permita assim conseguir.
Na seqüência o Mestre segue aprofundando mais sobre as entidades espirituais, que recebem a denominação genérica de anjos, nome este que em hebraico está ligado ao termo shliach que quer dizer mensageiro, querendo dizer que os anjos são mensageiros, entidades que desempenham/promovem funções espirituais pré estabelecidas, sendo que é importante entender que eles não são todos iguais, explica o Mestre Rabino Avraham, havendo classes hierárquicas diferentes, bem como, aqueles que estão associados ao lado positivo e outros ao lado não positivo.
Confesso que estas explicações trazidas pelo Mestre Avraham, são totalmente desconhecidas para mim, ao menos até o momento que o Sr. Rabino fala sobre isso, minha idéia era a mesma da maioria de todos no mundo, o que me fez pensar ainda no tamanho de minha arrogância, pois sempre “achei” que sabia de algo, que após leituras diversas eu compreendia um pouco sobre esse assunto, mais uma vez o Mestre mostra que não sei nada de nada, que preciso mesmo baixar a cabeça/ego/orgulho/arrogância e procurar apreender tudo aquilo que estiver dentro de minha limitada capacidade.
O Sr. Rabino Avraham segue explicando que o ser humano é “dividido” entre dois aspectos, seu lado dito natural, que está ligado ao corpo e a materialidade propriamente dita, e seu aspecto espiritual, ou super-natural, que não pode ser entendido pelos sentidos físicos. E todo indivíduo que se identifica com a matéria em demasia, é aquele que tem dificuldade de acreditar em qualquer coisa que não possa ser apreendida pelos seus sentidos físicos, negando a existência de tudo aquilo que foge ao seu entendimento físico, bem como toda leis que não possa se provada em laboratórios. Sendo que a diferença entre as pessoas, está em sua capacidade de percepção dos diferentes aspectos da realidade. Explica ainda o Mestre que em se tratando das realidades espirituais, não se aplicam conceitos de espaço e tempo, como nós tendemos a entender no domínio físico.
Novamente o Mestre traz idéias que fogem muito ao meu entendimento, e que de fazem com que fique maravilhado com a complexidade/grandiosidade da Criação e, mais ainda, admirado com a minha pequenez, pois vivo em uma realidade muitíssimo limitada/restrita, sem ao menos ter a mínima noção de tantas coisas que se passam ao mesmo tempo em diversas realidades, que como explica o Mestre, estão interligadas com o plano físico também, embora para mim sejam insondáveis.
O Sr Rabino Avraham explica que as diferentes entidades que habitam esses planos diferentes do nosso, podem nos perceber facilmente, contudo, seu interesse em nós é pequeno, assim, o foco delas não está em nossa realidade. Aprofundando o Mestre segue mostrando diversos exemplos de como tudo depende da capacidade de percepção da pessoa, bem como, o foco da mesma , onde se concentra sua atenção. No caso do homem, o fato de estar ligado ao corpo físico, resulta em uma grande dificuldade de se ligar a assuntos espirituais, explica o Sr. Rabino Avraham, pois estando preso ao corpo, ligar-se a assuntos que transcendem esse plano físico, representa algo anti-natural, pois enquanto aqui, ligados ao corpo, é muito mais fácil focar-se nele e o entorno material, que olhar adiante, querendo dizer, ligar-se a aspectos espirituais. Até mesmo porque, como explica o Mestre, nosso aparato físico é muito limitado, permitindo apenas ter uma pálida noção das coisas, conquanto auxiliados por instrumentos tecnológicos que ampliam na nossa capacidade de ver, ainda assim, as realidades espirituais ficam muito distantes para serem apreendidas.
O Mestre Rabino Avraham dá prosseguimento falando que o homem tem, embora ligado à matéria através de seu corpo e a sua identificação mesmo emocional com ela, um aspecto/aparato que lhe permite sondar as realidades espirituais, querendo dizer a sua alma, os “olhos da mente”. O Mestre Avraham traz que nós podemos, através do crescimento espiritual recobrar a potencialidade de ver as realidades espirituais, lembrando que “no início Adam via de um canto a outro do universo”, querendo dizer, era capaz de apreender tanto as realidades físicas quanto as espirituais da mesma forma, enquanto hoje nós vivemos focados muito mais na matéria, conquanto tenhamos um aparato que permite ir mais longe, respeitando o nível e grau que cada um tem.
Confesso que muito do final da aula ficou fora de minha capacidade de apreensão, contudo, intuo que representa algo deveras importante para o entendimento daquilo que deva ser importante em nossa busca por crescimento espiritual, como diz o Mestre Avraham, crescer nas nossas percepções, permite que fiquemos admirados com a beleza da Criação e creio que isso sirva para crescermos em amor e temos a D-us que tudo Rege de forma tão maravilhosa.
Caro Mestre Sr. Rabino Avraham e colegas, encerro aqui, reforço o pedido de desculpas pelos erros de entendimento, bem como pela extensão do comentário, contudo, essa aula era repleta de explicações do Mestre que me pareceram muito importantes. Espero de coração ter contribuído para o crescimento do grupo. Agradeço a leitura de todos.
Rogo a D-us, em Sua infinita Misericórdia, que permita a todos nós crescermos cada vez mais em espanto a Ele, reconhecendo vivamente em nossas vidas Sua presença e Providência.
Tudo de bom a todos,
Diego Malheiros.
Pela Graça de D’us.
Prezado Rabino e Prezados Amigos:
Peço permissão ao Rabino Avraham, para comentar sobre o presente shiur.
A aula se inicia com o mestre explicando que, muitas vezes, quanto se estudam assuntos místicos, a pessoa passa por diversas fases de compreensão, sendo o objetivo do Rav alicerçar a pessoa com fundamentos e desenvolvimento de consciência, para que ela consiga entender as fases subsequentes. Se isso não ocorre, explica o Rabino, ela acaba nivelando tudo de maneira igual, e não há mais compreensão do grau e nível que estão sendo estabelecidos nas aulas, e não consegue mais se ligar a esses assuntos, por isso a importância de revisar as lições anteriores, para seguir se desenvolvendo. A tendência do aluno é o bloqueio, ensina o Rav, pois todos sofrem do mesmo problema: mohin d’katnut, ou seja, a constrição da consciência, aonde naturalmente há uma dificuldade com os assuntos espirituais, as pessoas têm uma ligação excessiva com o materialismo e têm grande dificuldade de acreditar e ter fé e confiança em D’us – bitahon -, e apreender, em nível de consciência, os assuntos ensinados. A tendência, segundo o mestre, é manter esses assuntos em ordem abstrata, e não integrada na sua consciência, o que propiciaria retificação de caráter e ajuste de comportamento. A função número um da Torá, o Rabino salienta, e a retificação do caráter – tikun hamidot.
Entre quedas, reerguidas e correções de rota, estou me tornando hors concours, principalmente nesta época do ano. O que tenho feito, em meio às “chuvas e trovoadas”, é seguir em frente, pura e simplesmente. Por mais que, agora, eu saiba, minimamente, o que é correto e o que não é, em termos de leis de D’us, ainda consigo ser extremamente tolo e infantil em minhas escolhas. O fato de eu estar em Brasília é um verdadeiro milagre, eu quase desisti de vir para cá, por não me achar digno, em face a acontecimentos recentes em minha vida. Está tudo muito turbulento, como se eu estivesse em um sonho fragmentado, mas aqui estou, lutando para ser uma pessoa melhor, baruch Hashem.
Após a introdução do shiur, o mestre explica que, a despeito da interferência divina e da possibilidade e a capacidade das entidades espirituais diversas, em particular as várias classes angelicais, de influenciar, até certo ponto, as nossas vidas, em última instância o homem é responsável pelo seu comportamento. Essencialmente, o homem é responsável pelos seus atos, e viverá e sobreviverá para ver os resultados desses atos: é assim que funciona, afirma o Rav. Às vezes, por questões de lógica divina, que não compreendemos, há momentos em que D’us decide que alguém vai cair e alguém vai se erguer. No entanto, em se tratando das quedas das pessoas, não podemos usar essas quedas para desculpas para comportamentos desalinhados com a Torá – o fato de a pessoa ter algum tipo de amargura, perda ou revés, não é nunca uma desculpa para que a pessoa não se comporte de uma maneira alinhada moralmente com as leis de D’us. Fora disso, há racionalizações – desculpas, justificativas para o seu comportamento desalinhado. Exemplo do mestre: um indivíduo que usa a fala de maneira imprópria. Ela pode justificar, afirmando que só fiz quando se encoleriza. Entretanto, explica o Rabino, profanar a boca, que é um órgão santo, compromete a vida presente e a do futuro, no Olam Habá – o Mundo Vindouro. Quanto à reclamações e lamentos em geral, o mestre recomenda a leitura do livro de Ióv.
Apesar de eu estar passando por essa fase complicada, como que em um “stand by espiritual”, alguns procedimentos não deixei de fazer, como as orações e a tsedacá, por exemplo. Nada demais, não faço mais do que a minha obrigação, sinceramente. É o mínimo manter a palavra, para seguir com algum comprometimento com Hashem, e rogo para que Ele seja benevolente e misericordioso para comigo. Eu nunca tive do que reclamar de minha vida, pelo contrário: sou abençoado com parnassá, uma família etc. Eu apenas tenho uma pergunta (retórica): por que há momentos em que nada me satisfaz? Talvez, às vezes, eu faça a inversão de prioridades da qual o mestre alerta em suas aulas: busca espiritual – infinita e que traz alegria – por busca material – finita e que não satisfaz. Porém, não é do meu feitio murmurar – pelos relatos da Torá, que o mestre ensina, D’us detesta murmúrio, então procuro desviar meus pensamentos para coisas produtivas, na medida do possível, dentro dos meus limites.
O Rabino afirma que somos uma espécie caída, do ponto de vista espiritual, e o objetivo é retificar esse aspecto, para o apressar da Era Messiânica. Somos inconscientes do nosso status espiritual, já os anjos conhecem e têm como ver em que nível espiritual nos encontramos, o mestre explica, de acordo com a parte mística da Torá. Além disso, o Rav prossegue, à medida que as pessoas vão se retificando, isso tem um efeito sobre essas entidades espirituais, pois as mesmas são sensíveis às nossas modificações – a cada vez que a pessoa se modifica espiritualmente, se modifica o grau de iluminação, que é percebido pelas entidades superiores, o que gera uma problemática em nossas vidas: alguns desses seres irão considerar positivo o nosso avanço espiritual, e irão ajudar nisso, enquanto que outras espécies não gostam dessa evolução espiritual. O Rav cita a Cabalá: quando a pessoa busca se santificar, e é de fato ajudada pelos Céus, as forças negativas – klipót – querem “agarrar” essa pessoa para que ela não suba espiritualmente. Exemplo do mestre: a dificuldade que ocorre, todas as vezes, em que a pessoa vem ter uma aula de Torá – tudo isso provém da iétser hará, que não quer que a pessoa escute palavras retificadas, de modo a influenciar o seu comportamento. A função da sitra achra é justamente distanciar a pessoa desses comportamentos novos e corretos, traz o Rabino. Alguns desse anjos podem não gostar disso, e atuar de maneiras conhecidas. O mestre prossegue, e explica que a origem espiritual da iétser hará é a mesma das klipót, que são as forças negativas que buscam ocultar a Luz de D’us no mundo, através de uma série de maneiras. Nós temos esse “estranho” dentro de nós, e é importante aprender a subjugá-lo. As klipót, sitra achra, a iétser hará, shêdim – demônios, uma classe de anjos antagônica ao homem e à sua evolução espiritual –, são tudo uma coisa só, afirma o Rabino, todos fazendo parte “do mesmo time”. A batalha espiritual de subjugação das forças negativas é diária e constante, ensina o mestre, e é necessário tomar todos os cuidados necessários, para se estar no “time da santidade”, e não no “time da profanação”, conforme suas palavras.
Por pouco eu não saí da comunidade e abandonei tudo. Muita pressão e tolices cometidas em um espaço de tempo curtíssimo, a ponto de eu quase não me reconhecer. Estava próximo disso, ao que, literalmente me obriguei a fazer essa viagem para o Distrito Federal. Há algo mais que eu quero ver, não desejo parar. Todos os impedimentos aconteceram: não encontrei ninguém para me levar ao aeroporto, pela manhã, pois todos os meus (do Paraná), estariam trabalhando, teria que reagendar meus alunos, enfim…Na noite anterior, do nada, meu filho vem e me beija, e fala para a minha esposa que eu já estou indo. Me lembrei de um shiur do Rav, sobre os sinais que as crianças, animais e pessoas especiais eventualmente dão, e não tive dúvida quanto a minha vinda para o encontro.
O Rabino Avraham afirma que a clareza é algo santo, e a confusão é algo ligado ao lado negativo: quando se fala em confusão e escuridão, continua o Rav, isso remete a Bereshit, no início da Torá, em que está escrito “tohu vavohu” – caos e desolação, assuntos básicos da sitra achra, e a melhor maneira de fazer a pessoa não cumprir as leis de D’us e não acreditar em nada, e tenha dúvidas, é constantemente jogar confusão, desolação e escuridão no entendimento da pessoa, o que a mantém longe de um caminho iashár, um caminho reto.
Coincidência ou não (o mestre afirma que ela não existe, e tenho visto isso com meus próprios olhos), nesta fase do ano, aconteceu de tudo para que eu não prosseguisse com os estudos aqui, como se eu estivesse em um pêndulo, oscilando, ou como uma “bola de pingue pongue”, sendo “arremessado” de um lado para outro, metaforicamente, me sentindo sob influências nefastas, agindo nos meus pensamentos, palavras e ações – as vestimentas da alma, que o Rav ensina nos shiurim. A sensação que eu tenho é que eu fui “arrancado” dessa situação, ao vir para Brasília. Graças a D’us, pois eu não quero desistir.
Dando prosseguimento ao shiur, o mestre ensina que o Rambam enumerou dez classes de anjos, e diferentes sábios têm opiniões diferentes – o fato é que ninguém sabe, ao certo, estabelecer todas essas classes, e que as raças angelicais são muito anteriores ao homem, sendo o termo “anjo” genérico, em hebraico ligado à ideia de shaliach, que significa “mensageiro”. Um anjo é um mensageiro, afirma o Rav, um ser que promove funções espirituais, de um jeito ou de outro. É preciso ficar claro que os anjos não são iguais: há uma hierarquia, diferentes tipos de classes e associações, alguns são associados ao lado positivo, e outros ao lado negativo. Para aumentar os insights sobre o assunto, continua o Rabino, é importante entender um pouco mais sobre a natureza básica do mundo físico e natural, e supranatural, pois assim se entende melhor o universo e o homem, já que este é um ser composto, que tem uma parte física, essencialmente natural, e uma alma, sua parte supranatural. É preciso apreciar um universo em que há uma fusão constante entre o natural e o supranatural, traz o mestre, que explica: o universo natural trata com leis físicas que facilmente reconhecemos, e o domínio supranatural é todo o resto que não conhecemos. Para termos um insight melhor sobre as realidades espirituais, e o que está por trás do materialismo que tanto domina nossas funções cognitivas, é necessário estudar os domínios espirituais, e a relação que há entre esses domínios e a realidade física, que são interconectados. A pessoa distante do espiritual, segue o Rav, é aquela que acredita somente naquilo que seus sentidos podem perceber. Os domínios espirituais não são separados por espaço e tempo. Essa separação, explica o mestre, de acordo com as percepções da pessoa, ou seja, aquilo que é natural para um domínio, pode ser supranatural para o outro, e assim por diante. O Rabino exemplifica, dentro de nossa dimensão física: aquilo que é fácil para uma pessoa pode ser difícil para a outra, aquilo que é evidente e óbvio para os sentidos de um indivíduo, pode ser completamente inacessível para outro – é isso o que diferencia as pessoas, essencialmente: as suas capacidades distintas de percepção. O mestre, citando o Talmud, afirma que o ser humano ficaria louco, se tivesse a capacidade sensorial de ver as entidades espirituais, e pergunta: e o contrário seria possível, esses elementos espirituais podem nos ver? O Rabino responde, baseado nos mekubalim, que eles até nos veem, mas não têm interesse em nós, da mesma maneira que um ser humano tem mais interesse em seus assuntos, do que nos assuntos de um canário preso em uma gaiola, em sua residência, ilustra o Rav, a não ser que algo atraia essas entidades, ou seja, a percepção deles, a não ser que seja chamada para o nosso nível, tem um foco em outra esfera, e não em nós, enquanto que nós também temos uma experiência de alternância de consciência, constante, em nossa vida. Exemplos de modulação de consciência, do mestre: quando a pessoa dorme, há um fechamento total da consciência material, e se experimenta um aspecto da morte, sendo que, o Rav cita os sábios, o sono é 1/60 da morte. Mais um exemplo do Rav: uma pessoa que está em uma sala de aula, extraordinariamente conectada às palavras do mestre, porém, em outra aula, nada compreende.
É um grande milagre o Rav trazer esses assuntos no nível em que são trazidos, o mestre continua, pois estamos “galáxias à parte”, não só o Rav em relação aos alunos, mas todos os seres humanos, e a capacidade de comunicação é um milagre, por isso que o grande diferencial do homem, em termos de espécie, assim como a Torá traz, é que o homem é um ser falante. A capacidade de usar o poder da alma chamado “fala”, e trazer pensamentos quase em nível físico, é um grande milagre, o Rav explica. O que traz vida para a pessoa é a capacidade de apreender os assuntos espirituais, não na sua apreensão estritamente materialista, do universo, do mundo e da sua vivência. Ainda, o mestre ensina, é documentado cientificamente que elefantes e golfinhos, tem um poder de audição muito superior ao dos seres humanos. Em termos de poder e capacidade, poderíamos dizer que, em relação ao elefante e o golfinho, o homem é surdo, e toda essa diferença de capacidade tem a ver com percepção, traz o Rabino. O nosso corpo é constituído de uma matéria totalmente anti-espiritual, explica o Rav. Pelo fato de Adam ter ficado preso ao materialismo, devido à sua queda, isso se reflete em nós, como herança, ou seja, a nossa natureza, enquanto aspecto físico, é contrária à natureza espiritual, daí o mérito de estudar e lutar contra a tendência de pensar em coisas estranhas e se desligar desses assuntos, o que requer esforço espiritual, pois é muito mais fácil se render à lei do menor esforço, e seguir sua natureza, o que é uma forte tendência do homem, conclui o Rabino Avraham.
Nunca consegui lidar muito bem com visões, sonhos e outros eventos. Dependendo de como estou, no momento, essas perturbações são bastante mitigadas, principalmente quando procuro tentar pôr em prática os ensinos do mestre. Não gostaria de experimentar as sensações que tenho, sonhos etc. Houve tempos em que eu tentei ignorar isso, mas é impossível. Estou procurando me aceitar como sou, com o tempo, e estou feliz de ter encontrado o Rav, que ensina a lidar com esses assuntos da maneira correta. E reitero que, de todas as minhas buscas por respostas, as do mestre são as mais coerentes. Estudar Torá com o Rabino é uma experiência reveladora, dentro do que permite meu nível. Baruch Hashem.
Uma boa noite ao Rabino Avraham.
Márcio
Pela Graça de D-us,
Shalom Rav Avraham e amigos,
Diante de uma aula tão extensa e profunda, tentarei expor alguns aspectos entendido desse maravilhoso shiur.
Nessa segunda abordagem do shiur angeologia judaica 2, Rav Avraham aborda uma questão muito importante para nossa reflexão. Como sabido, à interferência Divina através dos diversos tipos de entidades angelicais, onde até certo ponto, elas atuam em nossas vidas criando diversas situações. O fato é, que em ultima instância o homem é o responsável pelo seu comportamento, ou seja, apesar de existir um elemento da Providência Divina, que incluem a influencia angelicais, dificuldades ou facilidades, etc. O homem, essencialmente é o responsável pelos seus atos.
Vejo aqui algo muito importante de se refletir, isso porque de modo geral, muitas pessoas sempre colocam a culpa em D-us por seus diversos fracassos, o que se aplica tanto na área física como espiritual. E como explica o Rav somente nós somos os responsáveis pelos nossos atos, sejam eles bons ou ruins. Muitas vezes existem situações que vai além da lógica racional, das quais não entendemos, mas que está sob total regência de D-us. O exemplo que Rav Avraham cita é quando D-us decide que alguém vai cair e outro se erguer. É interessante notar que ambos tem um propósito, que ao meu ver, seria uma percepção mais elevada do cenário que vivemos.
Penso que esse ato de D-us permitir o cair de uma pessoa, onde certamente o desespero ocorre, permiti que esse sentimento o ajude a reconhecer que seu estado atual de falta de interesse pelo espiritual seja despertado na pessoa. Disso, pode-se concluir que D-us prepara deliberadamente a queda, como também o erguer para eleva-la a um nível mais elevado do que ela se encontrava. O que é uma oportunidade também para o aumento de sua fé.
No entanto, no que se refere à queda das pessoas, Rav Avraham ressalta algo muito importante. Esse estado de desequilíbrio em que a pessoa se encontra nunca deve ser usado para justificar seus comportamentos estranhos, desalinhados da Torá. Não se pode nunca justificar um erro, o que se pode fazer, é corrigi-lo, fazer a reparação, pois o seu oposto é a “racionalização” de um comportamento errado, o que consiste em encobri-los. O problema não é a questão de cair por algum erro, mas sim o que você fará a respeito dele. Eu por exemplo sempre estou corrigindo alguma coisa, e isso passei a desenvolver mais com o Rav, através dos estudos da Torá. E hoje percebo que a nossa atitude diante de algo errado deve ser de coragem e principalmente humildade, para que de fato tenhamos uma vida alinhada moralmente com as Leis de D-us.
Como é explicado pelo Rav Avraham, somos uma espécie caída, o que nos coloca em uma posição muito difícil, porque somos inconscientes do nosso estado espiritual. O homem não detém esse conhecimento. Penso que de fato, não compreendemos esse nível ainda, mas ele esta esperando por nós, se D-us quiser.
Embora não conheçamos o nosso estado espiritual, é trazido pela Cabalá que os elementos espirituais mais avançados, eles conhecem o nosso nível, o que nos coloca em desvantagem espiritual. Os anjos eles foram incumbidos da tarefa de supervisionar e testemunhar sobre todos os aspectos do universo, e penso que por esse motivo eles conhecem o nosso nível de espiritualidade. No entanto, a medida que vamos crescendo espiritualmente, retificando o caráter, cumprindo Torá e as Mitsvot (Sete leis Noéticas), essas entidades angelicais são afetadas também, pois elas são sensíveis as modificações do homem. Portanto, à medida que crescemos, esse grau passa ser perceptível às entidades superiores, o que traz grandes turbulências na esfera da nossa realidade.
Na pratica tenho percebido isso constantemente, por exemplo: toda vez que recebo algum entendimento diante de um assunto estudado da Torá, logo sou confrontada para não colocar aquilo em pratica, percebo que passo a ter alguns conflitos, o meu meio externo é afetado, enfim. Isso faz com que eu tenha que gerar mais esforço, por assim dizer, para sobrepuja a minha yets hara. Uma vez até questionei isso com D-us em meu momento de oração, mas o fato é que se você não aprende a subjugar essas forças, você viverá o tempo todo preço a elas. Como Rav explica essas entidades não gostam da evolução espiritual da pessoa. Essas forças negativas “klipa” e sitra ahra, são forças que constantemente tentam nos dominar, impedindo-nos com que cresçamos espiritualmente. Rav Avraham aqui cita vários exemplos e que acredito que já foram vivenciados por nos em algum momento, principalmente na hora de estudar a Torá.
Rav explica algo curioso, que até então desconhecia, o fato de que a origem da yests hara é a mesma origem das klipot. O que significa que temos esse algo “estranho” dentro de nós, e que precisamos aprender a sempre subjuga-lo. O oposto fará com que a pessoa seja sempre exilada por seus desejos egoístas e materialistas.
É trazido que Rambam enumera dez classes de elementos espirituais, sendo que existem uma quantidade muito grande, que é incalculável pelo homem e que ele não tem a percepção clara dessas entidades. Isso ocorre por que vivemos em um universo que existe uma fusão do natural e supranatural, sendo que o natural tudo é perceptível, mas o supranatural é um domínio ainda que desconhecemos plenamente. Esses domínios espirituais são separados de acordo com a percepção da pessoa, ou seja, “aquilo que é natural para um domínio pode ser supranatural por outro”. É essa a distinção entre os seres, uns têm maiores percepções, outros menos. Porém à medida que realizamos um trabalho de perceber algo, vamos gradativamente aprendendo a desenvolver uma melhor compreensão desse algo. Sendo que operamos sob uma limitação da nossa percepção e entendimento. E é justamente isso que distingue uma pessoa da outra, a sua capacidade de percepção, e isso se aplica as entidades angelicais, que possuem uma percepção grandiosa comparada a nossa, serem humanos. Eu posso perceber algo, ter uma sensação de algum acontecimento, mas isso é limitado, o contrario da percepção dos anjos que podem captar o universo de forma mais abrangente, por assim dizer. Naturalmente por terem essa percepção mais desenvolvida, essas entidades poderiam ter grande interesse em nós, porém não ocorre dessa forma. Similarmente o homem também não apresenta esse interesse. Em geral o foco dos anjos não está em nós, eles possuem o foco em outra esfera.
Podemos, de fato, perceber que embora o nosso corpo seja uma matéria totalmente “antiespiritual”, como assim descreve o Rav, podemos dar inicio a escensão espiritual apartir de qualquer condição que nos encontramos. Simplesmente devemos compreender que, de todas as condições possíveis, variando da mais alta até a mais baixa, D-us escolheu a situação na qual estamos atualmente como a melhor para começar no caminho do avanço espiritual. Tenho percebido isso todos os dias, a grande benevolência de D-us para conosco, nos corrigindo, mostrando que tudo é possível, basta confiar Nele, e permitir que Ele nos direcione.
Continuando, outro aspecto trazido é que diferente do homem, que é constituído de matéria, as entidades angelicais não possuem essa constituição. Eles de modo geral são constituídos de um quarto elemento, que é o “fogo”, metaforicamente aludindo a “energia”, Rav cita um exemplo do anjo Uriel. Uma questão importante é que seja qual for à composição desses seres, a sua constituição define a sua percepção. Cada pessoa pode ver aquilo que sua percepção permiti ver. Isso para mim é algo muito profundo, visto que cada nível de criatura provê uma percepção diferente de D-us, e isso depende de suas propriedades em particular. E para embarcar no aumento de nossas percepções, isso vai requerer de nós um íntimo desejo pelo sentimento de altruísmo, embora teremos que lutar muito com a nossa natureza material. Em um momento, estamos disposto a nós anular completamente diante de D-us, mas no momento seguinte isso as vezes nem vai passar pelo nossa cabeça, é uma verdadeira guerra espiritual, visto que existe uma variedades de entidades que iram atuar para impedir que isso ocorra. Percebo que a única forma de manter-se protegido dessas forças, no sentido de vencê-las, é mediante o estudo intenso da Torá, para assim saber como lutar contra a nossa tendência para mal.
Desejo continuar na buscar constante de retificar meus traços de caráter, melhorando e criando uma influencia positiva através do cumprimento das Leis de D-us; alcançando o equilíbrio entre as forças que atuam em nosso mundo e assim alcançar cada vez mais, crescimento espiritual. Finalizo aqui meu comentário e agradeço ao Rav por essa maravilhosa aula, desde já peço desculpa por qualquer erro de entendimento.
Tudo de bom
Raquel
Graças a D-us por esta obra tão séria, profunda e cheia de amor.
Shalom, rabino Avraham.
Obra tão grandiosa e de amor incontestável para conosco.
Shalom, Mestre Rabino Avraham.