E está escrito: אם-שנותי ברק חרבי ותאחז במשפט ידי אשיב נקם לצרי ולמשנאי אשלם Im-shanoti barak charbi vetochez bemishpat yadi ashiv nakam letsarai velimsanai ashalem, “Que Eu afiarei a Minha espada brilhante, e a Minha mão segurará o juízo para pagar com vingança aos Meus adversários, e retribuirei aos que Me odeiam” (Devarim 32:41, Ha’azinu). Meditava neste passúk/verso, quando meus pensamentos me levaram a מתושלח Metushélach/Matusalém (Bereshit 5:21). Naqueles tempos antigos pré-diluvianos, as forças do mal eram totalmente reveladas, e a terra amplamente povoada por Nefilim/Anjos Caídos, gigantes e shedim/demônios. Metushélach era um homem reto e santo que conhecia os segredos do universo passados para ele pelo seu pai חנוך Chanóch: um homem extremamente santo e singular quem “andava com Hashem” (Bereshit 5:24) e guardava os segredos do mundo transmitidos desde Adam. De fato, vemos a grande bênção de Metushélach na própria guemátria atbash de seu nome, com o valor numérico 173, o mesmo do verso אנכי ה’ אלקיך Anochí Hashem Elokêcha, “Eu Sou o S-nhor teu D-us” (Shemot 20:2). Em tempo, Metushélach transmitiu as verdades espirituais da Torá para seu neto Nôach (Bamidbar Rabah 4:8). Verdadeiramente, Metushélach era um agente de D-us para rebaixar o mal revelado na terra. Seu próprio nome anunciava sua função santa: מתו Metu/Morte ושלח Shélach/Enviado – ele era o “Enviado da Morte” para os ímpios, como um anjo. Veja, a guemátria albam de מתושלח Metushélach mais uma para o kolel é igual a 214, o valor numérico da palavra ruach/espírito (rêish-vav-chet, 200 + 6 + 8 = 214). Os antigos Midrashim contam que ele possuía uma espada com o Nome Divino de D-us (o “Tetragrama”) gravado nela em ambos os lados da lâmina. E em sua grande kedusha/santidade, ele usava esta arma abençoada para abater os demônios aos milhões, somente parando com o abate após muito tempo e aniquilação destas pragas. Isto ocorreu quando o próprio rei dos shedim (um nome que não revelarei) implorou para que ele não o abatesse, prometendo que os shedim se ocultariam longe das cidades, nos mares, rios e cavernas. Por fim, Hashem postergou o próprio Mabúl/Dilúvio da geração de Nôach por sete dias em respeito ao luto de Metushélach, falecido aos 969 anos de idade (Bereshit Rabah 3:6; Talmud, Sanhedrin 108b).
Agora, o reshêi tavót/acróstico de Im-shanoti barak charbi, “Que Eu afiarei a Minha espada brilhante” (alef- shin-bet-chet, 1 + 300 + 2 + 8) tem guemátria absoluta 311, a mesma de איש ish/homem e האשה ha-ishah/a mulher. E o sofei tavót/letras finais (mem-yud-kuf-yud, 40 + 10 + 100 + 10) tem guemátria absoluta 160, a mesma de צלם tsélem/sombra (tsadik-lamed-mem, 90 + 30 + 40 = 160). O Ari”zal explica que “A tsélem feminina é a força – significando os estados de guevurah – que guardam a alma de danos. Contudo, oposto a esta sombra existe a sombra do mal” (Sefer HaLikutim, Bô). E assim eu entendo: a referência à sombra feminina do mal significa as forças que buscam se apropriar da energia vital das “sementes” dos homens, através delas serem despejadas de modo inapropriado, em vão. Vemos que a “espada brilhante” que é cuidada representa para o judeu, o zelo com seu Brit Kôdesh (e para as Nações, mas em grau menor, o cumprir da mitsvá de “não cometer relações ilícitas”). E assim como os mestres ensinam, “Temei vós a espada… para saberdes que há um juízo” (Shemot Rabah 30:24 citando Jó 19:29), onde a espada – aqui pronunciada shadún/juízo mas escrita shedim/demônio – é um símbolo para o julgamento. A espada com o Tetragrama possui a força espiritual do Brit Kôdesh, que deste modo abate os shedim com o seu shadún. E quando então misticamente se faz a shechitá (“abate ritual da Torá“) dos shedim, o “sangue” deles – a sua força vital – são shedim também, da mesma maneira que na Makah/Praga dos Tsefardeah/Sapos no Mitsrayim/Egito, quando alguém batia neles eles então se multiplicavam (Ráshi no Shemot 8:2). Entretanto, metaforicamente, se a espada é “afiada” (ou seja, se existe zelo no Brit, novamente, um assunto estritamente judaico), todos estes “filhos das pragas demoníacas” perecem também. Contudo, se houver erro na shechitá, porque a espada tinha falhas na lâmina (pois a lâmina do abate ritual da Torá precisa ser perfeita para o abate ser válido) ou nas kavanót/intenções místicas na hora do ato, isso pode trazer tsarót/problemas com os shedim que sobreviverem na força vital das gotas diminutas derramadas em vão, porque como é sabido, um animal ferido é sempre mais perigoso. Veja, a espada é brilhante e mortal às forças das trevas, porque o brilho da santidade anula e destrói as luzes inferiores do mal. Este barak/brilho na espada é como um “flash de luz” (ref. Ezequiel 21:15; ver Rashi no Devarim 32:41, Ha’azinu). E de mesmo modo, os demônios são um flash de luz para alguém infelizmente venha a vislumbrá-los. E assim como está escrito nesta parashá, מזי רעב ולחמי רשף וקטב מרירי Mezei raav ulechumei reshef veketev meriri, “Serão consumidos pela fome, atacados pelos demônios [reshef] e cortados pelo demônio Meriri, etc.” (Devarim 32:24, Ha’azinu). De fato, uma outra tradução para רשף reshef é “raio de luz”. Estas pragas voam para o alto (ver Jó 5:7) na aparência de raios, mas a espada brilhante anula eles completamente. Portanto, vemos que a barak charvi, que é o próprio Brit Kôdesh pode ser usada para o bem – através das relações conjugais apropriadas que cuidam do órgão procriador – ou para o mal, se ele for profanado (e no caso das nações, apesar de não existir Brit, as relações sexuais ilícitas, profanam a pessoa). Incrivelmente, a guemátria atbash de חרב chérev/espada é 363, sendo este o mesmo valor numérico de HaMashiach/O Messias, ou o “nêmesis” do mundo, HaNachash/O Serpente. Tudo no mundo depende da orientação: se para o mal, atrasando e dando força ao lado do Serpente, que D-us não permita, ou para o bem – apressando a vinda do verdadeiro Mashiach, muito em breve em nossos dias amém.
Shalom obrigado por mais este estudo maravilhoso senhor Rabino Avraham.
amém